quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Trocando sementes, conhecimento e alegrias em Guapimirim



O segundo dia de intercâmbio das agricultoras familiares da Zona da Mata mineira se iniciou com uma viagem com destino a Guapimirim. A 76 km da capital fluminense, Guapimirim é um dos 19 municípios que compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro, estando localizada no sopé da Serra dos Órgãos. É um município de caráter rururbano e faz conexões campo-cidade. 

A primeira parada foi na casa da dona Orenir da Silva, que é doceira há 20 anos. Ela vendia seus doces na beira da estrada e agora, produzindo em casa, está satisfeita em comercializar diretamente para as feiras, com o selo orgânico. Lá na casa dela, as agricultoras tiveram reflexões sobre a participação nas feiras agroecológicas da região metropolitana e as relações com o poder público. E com tanta experiência e alegria, dona Orenir,  disponibilizou para as agricultoras uma oficina de doce de manga, ensinando também o método utilizado no processo de higienização das embalagens para comercialização.

Joana D'arc da Silva Escolarique, participante do Grupo Raízes da Terra e moradora do assentamento Padre Jésus em Espera Feliz, diz que cada experiência vista nos intercâmbios faz com que a bagagem volte cheia. "O que na nossa região perde, a gente poderia estar aproveitando também. Aprendemos a aproveitar tudo aquilo que a gente tem na nossa casa. Eu gostei e aprendi muito nessa oficina de doce de manga. São coisas assim que a gente aprende, ensina e leva para toda a vida."

Em seguida as participantes subiram ao terreno da Dona Neusa, irmã da Dona Orenir. Depois de um almoço muito gostoso preparado para as representantes dos grupos produtivos da Zona da Mata, dona Neusa contou para as mulheres as dificuldades na conquista de seu território, e juntas discutiram sobre as lutas territoriais, a realidade local e os desafios para avançar no acesso às políticas públicas. Em seguida, aconteceu  uma oficina ensinando como fazer doce de casca de mamão.



Ao final da tarde, as agricultoras foram até a sede da Associação de Produtores Rurais (AFOJO) e conheceram os agricultores associados Anísio e Clemilda Cesário. Dialogaram sobre a criação da AFOJO e suas atuações em feiras e no território, compartilhando todo tipo de ajuda necessária para que as lavouras da comunidade caminhem juntas. Os agricultores explicaram que as famílias da associação estão empenhados em criar condições de um novo modelo de fazer negócios, partindo da experiência já acumulada com troca de receitas, ingredientes, fabricação de caldas para a plantação e transporte para as feiras.

O papel da mulher no manejo agroecológico, a invisibilidade da mulher nas atividades da roça, o processamento de produtos oriundos somente da propriedade e as feiras agroecológicas também foram temas debatidos neste encontro. Foi ressaltado que o grupo AFOJO é formado em sua maioria por mulheres agricultoras e doceiras, que levam para as feiras seus alimentos e suas habilidades culinárias tradicionais. Os principais alimentos beneficiados são geleias, compotas e doces de corte, além de uma variedade de farinhas com fins medicinais.

Finalizando as atividades do dia, as mulheres fizeram um reconhecimento do território do seu Anísio e da dona Clemilda, trocando sementes, conhecimento e alegria.








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