Por Wanessa Marinho
“Mãe,
ela morreu de quê?” Essa era uma das perguntas que uma jovem
(provavelmente participando da Marcha pela primeira vez) fazia enquanto
observava a maior imagem da exposição “Retratos da História: o caminho
das Margaridas”. O espaço foi montado no hall dos auditórios do Estádio
Nacional Mané Garrincha, durante o evento que aconteceu nos dias 11 e 12
de agosto, e o retrato de Margarida Maria Alves estava ali
representando a força das mulheres da Marcha das Margaridas.
A
maioria das imagens é do acervo da CONTAG e, segundo a curadoria, a
exposição tinha o objetivo de reconstituir os caminhos percorridos pelas
mulheres trabalhadoras rurais ao percorrer a sua trajetória de luta,
traçando uma linha do tempo que tinha início na organização da Liga
Camponesa, passando pelas primeiras mulheres eleitas coordenadoras até
os dias atuais com a preparação para a 5ª Marcha. Outro grande objetivo
era incentivar uma reflexão sobre o quanto essas mulheres movem a
história.
Ao
observar os olhos atentos nas imagens, os questionamentos que estas
traziam e as expressões de admiração, ficou fácil perceber o quanto a
exposição tocava as pessoas que circulavam pelo espaço. “Isso tudo é
muito lindo e cada uma é que sabe a sua luta pra chegar até aqui”,
afirmava Nelcina Pereira do Carmo – uma senhora de Buritizeiro-MG,
agricultora, artesã, fazedora de mel, criadora de gado e tudo o mais o
que ela ainda puder e quiser ser.
“Eu
acho importante porque muitas pessoas não conhecem, principalmente os
mais novo. Não sabe nem da onde vem, de quê que é feito, de quê que é, e
aí eu penso que até tá aqui passou pela luta e pela mão de alguém”,
Nelcina continuava afirmando, desta vez em relação aos elementos que
representavam alguns saberes tradicionais e movimentos sociais em um
mapa do país bem no centro da exposição.
Nelcina
não estava nos retratos nas paredes, mas poderia. Ela é mais um retrato
vivo dessa caminhada de luta. A história de Margarida Alves ela já
conhecia, a Marcha das Margaridas também, assim como a presidenta Dilma e
as famosas flores (margaridas amarelas e brancas) que decoram o evento.
“Em 2011 eu tive aqui e eu vi a Dilma falando assim pertinho de mim.
Teve uma hora que ela falou que tinha as muda de margarida que era pras
mulherada levar, mas das minhas companheiras ninguém levou. Eu levei.
Peguei uma muda dessa amarela e hoje lá na minha casa você tem que ver
que coisa linda essas margarida que floresceram”. Junto com as
margaridas, floresce no peito de Nelcina a vontade de ser cada dia mais
independente. Com mais de 60 anos, ela afirma que o que quer agora é:
“aprender mecânica porque eu tenho carro e se der algum problema eu vou
saber resolver”.
Depois
do dia 12 de agosto, a exposição continua tocando outras pessoas, mas
desta vez em Alagoa Grande – PB, na casa em que morava Margarida Alves e
onde hoje existe um museu em sua homenagem. Segundo a secretária de
Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da 5ª Marcha das Margaridas,
Alessandra Lunas, esse será um presente singelo ao museu. “Falta esse
pedaço lá. O museu conta a história até quando Margarida foi morta, mas
depois esse monte de margaridas que ressurgiram a partir da força dela
não está lá. Então a gente expôs aqui essa história de luta das mulheres
trabalhadoras rurais, onde Margarida é uma das protagonistas e que hoje
tem a honra de ser a força das mulheres na Marcha, e vamos doar para o
museu depois”.
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