quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Caminho das Margaridas é retratado em exposição fotográfica no Mané Garrincha

Por Wanessa Marinho

“Mãe, ela morreu de quê?” Essa era uma das perguntas que uma jovem (provavelmente participando da Marcha pela primeira vez) fazia enquanto observava a maior imagem da exposição “Retratos da História: o caminho das Margaridas”. O espaço foi montado no hall dos auditórios do Estádio Nacional Mané Garrincha, durante o evento que aconteceu nos dias 11 e 12 de agosto, e o retrato de Margarida Maria Alves estava ali representando a força das mulheres da Marcha das Margaridas.

A maioria das imagens é do acervo da CONTAG e, segundo a curadoria, a exposição tinha o objetivo de reconstituir os caminhos percorridos pelas mulheres trabalhadoras rurais ao percorrer a sua trajetória de luta, traçando uma linha do tempo que tinha início na organização da Liga Camponesa, passando pelas primeiras mulheres eleitas coordenadoras até os dias atuais com a preparação para a 5ª Marcha. Outro grande objetivo era incentivar uma reflexão sobre o quanto essas mulheres movem a história.

Ao observar os olhos atentos nas imagens, os questionamentos que estas traziam e as expressões de admiração, ficou fácil perceber o quanto a exposição tocava as pessoas que circulavam pelo espaço. “Isso tudo é muito lindo e cada uma é que sabe a sua luta pra chegar até aqui”, afirmava Nelcina Pereira do Carmo – uma senhora de Buritizeiro-MG, agricultora, artesã, fazedora de mel, criadora de gado e tudo o mais o que ela ainda puder e quiser ser.

“Eu acho importante porque muitas pessoas não conhecem, principalmente os mais novo. Não sabe nem da onde vem, de quê que é feito, de quê que é, e aí eu penso que até tá aqui passou pela luta e pela mão de alguém”, Nelcina continuava afirmando, desta vez em relação aos elementos que representavam alguns saberes tradicionais e movimentos sociais em um mapa do país bem no centro da exposição.

Nelcina não estava nos retratos nas paredes, mas poderia. Ela é mais um retrato vivo dessa caminhada de luta. A história de Margarida Alves ela já conhecia, a Marcha das Margaridas também, assim como a presidenta Dilma e as famosas flores (margaridas amarelas e brancas) que decoram o evento. “Em 2011 eu tive aqui e eu vi a Dilma falando assim pertinho de mim. Teve uma hora que ela falou que tinha as muda de margarida que era pras mulherada levar, mas das minhas companheiras ninguém levou. Eu levei. Peguei uma muda dessa amarela e hoje lá na minha casa você tem que ver que coisa linda essas margarida que floresceram”. Junto com as margaridas, floresce no peito de Nelcina a vontade de ser cada dia mais independente. Com mais de 60 anos, ela afirma que o que quer agora é: “aprender mecânica porque eu tenho carro e se der algum problema eu vou saber resolver”.  

Depois do dia 12 de agosto, a exposição continua tocando outras pessoas, mas desta vez em Alagoa Grande – PB, na casa em que morava Margarida Alves e onde hoje existe um museu em sua homenagem. Segundo a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da 5ª Marcha das Margaridas, Alessandra Lunas, esse será um presente singelo ao museu. “Falta esse pedaço lá. O museu conta a história até quando Margarida foi morta, mas depois esse monte de margaridas que ressurgiram a partir da força dela não está lá. Então a gente expôs aqui essa história de luta das mulheres trabalhadoras rurais, onde Margarida é uma das protagonistas e que hoje tem a honra de ser a força das mulheres na Marcha, e vamos doar para o museu depois”.

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