As
expectativas das agricultoras eram grandes ao se juntarem em Viçosa na manhã do dia
29/07, quarta-feira, para iniciarem o intercâmbio de experiências dos grupos
produtivos. Neste primeiro dia, após percorrerem quase 350km de viagem, as agricultoras chegaram ao primeiro destino da viagem. Conheceram a casa
e local de trabalho da doceira Juliana de Medeiros Diniz, dona Juju, que
coordena o grupo produtivo de mulheres “Cozinha Colher de Pau”, em Magé -RJ.
Após
experimentarem o almoço, especialmente preparado pelo grupo, as visitantes
participaram de uma roda de conhecimentos e fizeram reflexões sobre manejo
agroecológico, compostagem, pomares, Sistemas Agroflorestais (SAFs) e
processamento de alimentos. Os desafios enfrentados para o reconhecimento do
trabalho das agricultoras, bem como a ofensiva dos agrotóxicos no entorno das
propriedades também foram assuntos abordados.
Fizeram uma volta na área da dona Juju, apreciando o quintal dela e trocando conhecimentos sobre as plantações. Em seguida, a anfitriã
compartilhou os conhecimentos dela, ensinando para as agricultoras da Zona da Mata o passo a passo de como produzir
a farinha de banana. Além disso, falou da importância de uma boa apresentação
dos alimentos, mostrando a cozinha e os produtos do seu grupo produtivo.
Ao cair da
noite, houve uma atividade cultural, com direito a fartuta de comidas típicas,
danças em volta da fogueira e uma boa quadrilha.
Conheça um
pouco mais da personalidade da dona Juju, na entrevista abaixo.
Qual a importância de
participar dos movimentos de mulheres? Passei a ser reconhecida depois que
eu comecei a participar de movimentos como da articulação, porque eu era
irreconhecível, ninguém me reconhecia aqui em Magé. Eu não conseguia nem que me
reconhecessem como agricultora.
Quando a senhora se apaixonou
pela agricultura? Eu nasci e me criei na roça da Paraíba, sou filha de agricultores,
família de agricultores. E eu vim morar aqui no Rio em 1966 e já trabalhei com
muitas coisas. Já fui costureira, fui cuidadora de idosos, eu trabalhei com
vendedora ambulante, trabalhei em cafezinho e trabalhei até mesmo no projac. Em
96 eu vim pra este sítio de um amigo meu, que era alemão e queria voltar para a
Alemanha e me deixou aqui cuidando deste terreno. Quando voltei aqui pra roça
me senti muito feliz, me realizei. Eu estava no Rio há muitos anos e de todas
que já citei, não tive nenhuma profissão que me agradasse e quando voltei pra
roça que comecei a trabalhar, plantar, colher, fazer meus doces eu senti
realmente que é isso que eu quero na minha vida e eu quero morrer sendo
agricultora.
O que a senhora acha dos
intercâmbios? Eu sou apaixonada pelos intercâmbios. Eu sempre arrumo um
jeito de participar porque a gente aprende muito. É uma troca. Eu recebo e eu
dou. Hoje foi muito legal ir lá na cozinha com as meninas. Aprendi tantas
coisas com elas. Este intercâmbio, em especial, é a realização de um sonho.
Receber vocês aqui é muito bom porque são como uma família pra mim. Sempre me
acolheram bem nas cinco vezes que fui a Minas e agora posso retribuir de alguma
forma.
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