terça-feira, 4 de agosto de 2015

Sabores e saberes da Cozinha Colher de Pau em Magé




As expectativas das agricultoras eram grandes ao se juntarem em Viçosa na manhã do dia 29/07, quarta-feira, para iniciarem o intercâmbio de experiências dos grupos produtivos. Neste primeiro dia, após percorrerem quase 350km de viagem, as agricultoras chegaram ao primeiro destino da viagem. Conheceram a casa e local de trabalho da doceira Juliana de Medeiros Diniz, dona Juju, que coordena o grupo produtivo de mulheres “Cozinha Colher de Pau”, em Magé -RJ.

 Após experimentarem o almoço, especialmente preparado pelo grupo, as visitantes participaram de uma roda de conhecimentos e fizeram reflexões sobre manejo agroecológico, compostagem, pomares, Sistemas Agroflorestais (SAFs) e processamento de alimentos. Os desafios enfrentados para o reconhecimento do trabalho das agricultoras, bem como a ofensiva dos agrotóxicos no entorno das propriedades também foram assuntos abordados.

Fizeram uma volta na área da dona Juju, apreciando o quintal dela e trocando conhecimentos sobre as plantações. Em seguida, a anfitriã compartilhou os conhecimentos dela, ensinando para as agricultoras da Zona da Mata o passo a passo de como produzir a farinha de banana. Além disso, falou da importância de uma boa apresentação dos alimentos, mostrando a cozinha e os produtos do seu grupo produtivo.


Ao cair da noite, houve uma atividade cultural, com direito a fartuta de comidas típicas, danças em volta da fogueira e uma boa quadrilha. 

Conheça um pouco mais da personalidade da dona Juju, na entrevista abaixo.
 
Qual a importância de participar dos movimentos de mulheres? Passei a ser reconhecida depois que eu comecei a participar de movimentos como da articulação, porque eu era irreconhecível, ninguém me reconhecia aqui em Magé. Eu não conseguia nem que me reconhecessem como agricultora.

Quando a senhora se apaixonou pela agricultura? Eu nasci e me criei na roça da Paraíba, sou filha de agricultores, família de agricultores. E eu vim morar aqui no Rio em 1966 e já trabalhei com muitas coisas. Já fui costureira, fui cuidadora de idosos, eu trabalhei com vendedora ambulante, trabalhei em cafezinho e trabalhei até mesmo no projac. Em 96 eu vim pra este sítio de um amigo meu, que era alemão e queria voltar para a Alemanha e me deixou aqui cuidando deste terreno. Quando voltei aqui pra roça me senti muito feliz, me realizei. Eu estava no Rio há muitos anos e de todas que já citei, não tive nenhuma profissão que me agradasse e quando voltei pra roça que comecei a trabalhar, plantar, colher, fazer meus doces eu senti realmente que é isso que eu quero na minha vida e eu quero morrer sendo agricultora.

O que a senhora acha dos intercâmbios? Eu sou apaixonada pelos intercâmbios. Eu sempre arrumo um jeito de participar porque a gente aprende muito. É uma troca. Eu recebo e eu dou. Hoje foi muito legal ir lá na cozinha com as meninas. Aprendi tantas coisas com elas. Este intercâmbio, em especial, é a realização de um sonho. Receber vocês aqui é muito bom porque são como uma família pra mim. Sempre me acolheram bem nas cinco vezes que fui a Minas e agora posso retribuir de alguma forma.

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