terça-feira, 28 de abril de 2015

Curso de medicina alternativa é oferecido a mulheres de Santana do Manhuaçu

Boldo, marcela, cambará, funcho, hortelã. De bom para dor de cabeça e de estômago a calmante e mata-piolho... uma diversidade de aprendizados vividos pelo grupo de mulheres da Comunidade Lanço Grande, em Santana do Manhuaçu, no curso de medicina alternativa realizado na última sexta-feira (24/04).


Vera Lucia Ferreira, agricultora familiar de Paula Cândido e atendida pelo Projeto Mulheres e Agroecologia em Rede, ministrou o curso de plantas medicinais. Ela, há mais de 10 anos, trabalha o resgate da cultura e sabedoria popular através das plantas e vê essa opção de vida como alternativa viável para as famílias melhorarem sua renda. “Se você pega uma planta na horta e faz um chá, não trouxe dinheiro para casa, mas deixou de gastar com a farmácia. Isso é saúde e também é agroecologia”, ressalta Vera.

No primeiro momento do curso houve um espaço de compartilhamento de histórias sobre a efetividade do uso das ervas para curar doenças e melhorar a qualidade de vida. Vera Lucia contou que após ter passado por muitos médicos, a medicina alternativa a curou de uma grave doença. Sempre associando a religiosidade e a fé ao processo de cura, ela afirmou que “graças às plantas e à terra que Deus deixou eu estou aqui”.
Após os relatos, a atividade de reconhecimento das plantas, suas funções e formas de utilizações ganhou lugar. Distribuídas cartilhas a cada participante, o terceiro e último tópico desenvolvido no curso foi a análise minuciosa do livreto, que continha uma extensa lista de plantas, uma espécie de dicionário de ervas medicinais.

Ao final, satisfeitas com o dia de trocas de saberes, todas as mulheres quiseram levar para suas hortas as mudas utilizadas na oficina. “Aqui a gente pode tirar as dúvidas e conhecer mais as plantas. Eu gostei demais de saber para o que serve cada plantinha e como é que faz os chás”, relata a lavradora da comunidade Lanço Grande, Maria Aparecida Freitas Antunes.

Está pré-agendado para o próximo mês de maio um segundo módulo do curso que pretende abordar com profundidade o uso da terra, em forma de argila, para curar doenças. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Mulheres da Zona da Mata se unem em solidariedade ao Norte de Minas




Foi com solidariedade e auto-organização, que 30 mulheres de diferentes movimentos sociais e organizações da Zona da Mata mineira percorreram, na última semana, os mais de 770 km que separam Viçosa a Varzelândia, no Norte de Minas. Entre os dias 17 e 19/04, aconteceu a IV Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres (MMM) e V Marcha do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, em defesa da integridade dos “corpos, territórios e trabalhos”. 
A primeira atividade da programação ocorreu na tarde da sexta-feira (17/04), quando as caravanas mineiras e de outras regiões do Brasil, se uniram em um ato público, nas ruas de Montes Claros. Foram denunciados os impactos dos projetos de mineração que descumprem a legislação ambiental no estado. Além disso, foi entregue ao promotor de meio ambiente, Daniel Piovanelli Ardisson, um documento, assinado por mais de 30 movimentos e organizações, explicitando quais os direitos têm sido violados pelos empreendimentos e apresentando propostas de intervenção.

Um debate envolvendo feminismo, reforma política, agroecologia e violação de direitos socioambientais no Brasil mobilizou mais de 1200 pessoas em Varzelândia, no sábado (18/04). Na tarde do mesmo dia, uma feira de economia popular feminista e solidária foi montada na praça central da cidade e contou com a participação de representantes de 31 municípios mineiros.
A Marcha foi encerrada com uma passeata pelas ruas da cidade com mais de três mil mulheres, no domingo. Fim das diferentes violências contra as mulheres, acesso às políticas públicas, desburocratização do crédito e financiamento, maior eficiência dos órgãos protetores do Estado, fiscalização dos projetos de mineração e reforma política foram algumas das reivindicações levantadas. 

Para a agricultora familiar de Santana do Manhuaçu, Maria das Graças Neto, participar da Marcha foi uma experiência muito positiva. “As mulheres daquela região têm um sofrimento muito grande por conta da mineração. Valeu muito a pena estarmos lá com nossas bandeiras de luta e nossos gritos de ordem. Acreditamos que vão acontecer mudanças, a partir das nossas ações, e a gente tem que continuar lutando”.

A viagem das agricultoras da Zona da Mata mineira contou com o apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).



sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mulheres da região Sudeste finalizam primeiro módulo do PFG

  


Entre 11 e 15/04, 25 mulheres participaram do primeiro módulo do Programa de Formação em Gestão de Empreendimentos (PFG) da região Sudeste. A formação aconteceu na capital mineira, Belo Horizonte, e contou com a presença de representantes de grupos produtivos do Espírito Santo, extremo sul da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. 
Gestão democrática, comercialização e viabilidade econômica dos empreendimentos foram os principais eixos de formação. O curso é autogestionado e, desde o primeiro dia, as participantes foram divididas em equipes para trabalharem elementos presentes no cotidiano dos grupos produtivos. Elas influenciaram ativamente a dinâmica da formação, a partir das equipes de coordenação, registro, avaliação processual, infraestrutura e outras linguagens (dinâmicas de tradução do conhecimento de forma mais lúdica).
Um dos destaques do PFG foi o “passo-a-passo da produção”. Valorizando os conhecimentos e sugestões trazidos pelo grupo, os conceitos e cálculos matemáticos foram explicados e aplicados tendo como referência a produção da conserva de pepino. Também fizeram parte da programação visita de intercâmbio, atividades culturais e de lazer e também de participação política.
Para Selma Barbosa, moradora da comunidade do Córrego do Mutum, no município de Itanhém (BA), o curso foi motivador para enfrentar as dificuldades na produção. “Com esse curso percebemos possibilidades de nos desenvolver e crescer mais e, com certeza, vamos levar essa capacitação para nossa comunidade”, pontua Selma.
Rosana Lobato, técnica da  Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa (CAPINA), avalia que o tema da viabilidade econômica foi uma novidade para o grupo, o que confirma a necessidade de fortalecer os empreendimentos da economia dos setores populares. “Como na maioria dos casos, as participantes do PFG contabilizam matéria-prima e trabalho, mas desprezam custos relativos à manutenção da atividade econômica. Os cinco dias foram extremamente produtivos e as diferentes atividades proporcionaram a integração das ações e o fortalecimento dos grupos”.


Ervanário São Francisco é visitado durante o PFG



Na última segunda-feira (13/04), 25 mulheres conheceram o Ervanário São Francisco, em Sabará, na região Metropolitana de Belo Horizonte. A atividade fez parte do Programa de Formação em Gestão de Empreendimentos (PFG) da região Sudeste, que tem como objetivo qualificar as iniciativas populares e econômicas de mulheres.


O intercâmbio é uma metodologia que auxilia a reflexão, a partir da prática dos grupos produtivos, e facilita a troca de experiências entre as mulheres. Na unidade produtiva da dona Tantinha, foi possível conhecer como se originou o ervanário, a dinâmica de funcionamento do local e também um pouco da história da família dela. Tantinha explicou que recebeu da avó os conhecimentos acerca plantio de ervas medicinais, mas só começou a exercer a atividade depois que o filho dela sofreu sérias crises de bronquite.
Com a ajuda de um frei da comunidade, foi feito um curso de fitoterápicos e uma mobilização local de recuperação da área onde hoje é o ervanário. O grupo dispersou, mas “acreditando que o conhecimento não tem donos, tem herdeiros” a agricultora e o marido continuaram o empreendimento social na cidade. Hoje eles se dedicam ao trabalho de resgate de práticas alternativas de saúde. Oferecem palestras e cursos, ao público em geral, e comercializam produtos naturais (xaropes, shampoos, cremes e tinturas). Além disso, lutam pelo reconhecimento dos conhecimentos da medicina populares, junto à Articulação Pacari e contribuíram na elaboração do livro “Farmacopeia Popular”, que contém protocolos de raizeiros para manejo e manipulação segura dos fitoterápicos.
Ierenilda Ferreira, agricultora agroecológica no Espírito Santo, avalia que a troca de saberes no intercâmbio foi muito importante para as participantes. “Precisamos sempre buscar novos conhecimentos para melhorar e ampliar as nossas alternativas e horizontes de produção. Tivemos oportunidade de ver no dia-a-dia, soluções que podemos implantar na realidade do nosso grupo e também conversar sobre as dificuldades que compartilhamos”.

Mulheres do PFG protestam contra o PL 4330



Aproveitando a tarde livre do Programa de Formação em Gestão de Empreendimentos (PFG), mulheres da região Sudeste compareceram ao protesto contra o projeto de lei da terceirização (PL 4330), que aconteceu na última quarta-feira (15/04), em Belo Horizonte (MG).
O ato fez parte do dia nacional de paralisação contra o PL 4330, mobilizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Segundo a Central, o protesto na capital mineira contou com a presença de duas mil pessoas, de diferentes movimentos sociais, partidos políticos e sindicatos da região. 


As participantes do PFG levaram faixas alertando sobre os prejuízos da terceirização para a vida das mulheres e cartazes em defesa da agroecologia. No Brasil, as mulheres representam a maioria dos terceirizados e, se aprovado, o PL 4330 vai incentivar e ampliar este tipo de contratação, gerando precarização dos empregos.
Um estudo apresentado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela CUT aponta que trabalhadoras e trabalhadores terceirizados cumprem uma carga horária superior em comparação aos empregados diretos (em média, trabalham por semana, três horas a mais). Apesar disso, recebem uma remuneração 27% menor e têm menos chances de permanecerem no emprego. Entre 2010 e 2014, 90% das pessoas resgatadas nos dez maiores flagrantes de trabalho escravos no Brasil eram terceirizadas e 80% dos acidentes de trabalho e mortes aconteceram em empresas terceirizadas.