sexta-feira, 29 de maio de 2015

Oficinas de multiplicação geram novos grupos de mulheres na Bahia

            No último ano, mais de 500 mulheres foram beneficiadas com oficinas de multiplicação do Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA), nas redes regionais atendidas pelo projeto “Mulheres e Agroecologia em Rede”. Um dos impactos positivos deste trabalho tem sido o fortalecimento da auto-organização feminina. No extremo sul da Bahia, dois novos grupos de mulheres foram formados. 


A técnica da ONG Terra Viva e articuladora de mulheres, Moane Vieira de Sousa, conta que as oficinas de multiplicação incentivaram a criação de grupos auto- organizados. Surgiu um grupo de mulheres no povoado de Nova Alegria, que trabalha principalmente a questão da autoestima e da participação, e outro na comunidade do Córrego do Jacaré, com ênfase na questão produtiva. A partir dos coletivos, as agricultoras estão beneficiando alimentos regionais e acessando mercados.
As oficinas de multiplicação são uma das ações que têm possibilitado ampliar a participação das mulheres e se revelado como um importante espaço de exercício de liderança das agricultoras, uma vez que são elas próprias que conduzem as atividades. Nestas oficinas as multiplicadoras tiveram como material de apoio o informativo Maria Vem com as Outras, com conteúdo específico de cada módulo do PFFA.
Os temas “Feminismo e Agroecologia como Projeto de Sociedade”, “Participação e Auto-organização das Mulheres” e “Economia Solidária, Economia Feminista e Políticas Públicas” foram trabalhados nas comunidades. Assuntos específicos, levantados a partir das demandas locais, também foram discutidos, tais como: violências contra a mulher, organização produtiva e práticas agroecológicas para produção.
Confira o relato da técnica da ONG Terra Viva, Moane Vieira de Sousa:

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Oficina de Cosmética Natural acontece em Espera Feliz


Um grupo de mulheres da comunidade de Fátima, município de Espera feliz, participou de uma oficina de Cosmética Natural no último 15 de maio. Durante toda uma tarde de atividades foi socializada a importância da valorização e opção pelos produtos naturais.

 “A chave do nosso trabalho é a preocupação com a saúde do planeta, da nossa família e a permacultura, uma cultura permanente que ensina a respeitar o ambiente e aproveitar os recursos que você tem ali. No lugar de buscar externamente, incentivamos as agricultoras a produzir suas coisas e ter autonomia, plantar tudo o que você come, fazer tudo o que você usa. Na verdade tudo é difícil, mas tentar buscar o máximo de autonomia é o caminho que apontamos”, explica a instrutora da oficina e bióloga do grupo Saúde Integral e Permacultura (Sauipe), Ludmilla Zaiden.

Posteriormente, as agricultoras acompanharam, passo-a-passo, a confecção de produtos como desodorantes e sabonetes. Uma das participantes da oficina, a agricultora Solange Borges Peron, se surpreendeu com a simplicidade do conhecimento trazido pelo curso e com a qualidade do produto final.

“Foi ótimo aprender a utilizar coisas simples que a gente nem sabia que dava pra virar produtos pra passar no corpo. E se nós já nos alimentamos com produtos naturais, porque não usar o que é natural na pele também! Eu estou usando o sabonete e meu marido adorou o desodorante. Nem vamos precisar comprar mais essas coisas no mercado”, conta Solange, empolgada.


O sucesso da oficina foi tão grande que outras pessoas da comunidade estão interessadas em comprar os produtos e até em aprender a confeccioná-los. “Eu vejo que isso pode gerar uma renda extra para minha família. Amamos os sabonetes e desodorantes e vamos passar essa aprendizagem agora para outras companheiras, porque gostamos demais e está todo mundo interessado em aprender”, complementou a agricultora.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Encontro do Movimento de Mulheres acontece em Simonésia


Representantes do Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais (MMZML) fizeram sua segunda reunião anual de planejamento, entre os dias 12 e 13 de maio, em Simonésia (MG). Além do calendário de atividades do grupo e do diálogo com a organização local que acolheu o encontro, houve visita de intercâmbio a uma propriedade rural do município.

Inicialmente ocorreu um espaço de socialização das mulheres com o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (SINTRAF) de Simonésia. Foi exposto o modo de organização e as atividades que o sindicato vem desenvolvendo junto à comunidade.

A coordenadora do Projeto Mulheres e Agroecologia em Rede e técnica do CTA, Liliam Telles, deu sequência ao encontro com uma apresentação do que vem ocorrendo nas organizações de mulheres em Minas Gerais. Essa análise de conjuntura abriu um debate sobre as lutas e possibilidades do Movimento diante do atual governo do estado.


Dora Feital, Assessora do CTA, ressaltou que o grande resultado dessa reunião foi a sugestão de um seminário a ser realizado ainda esse ano.

“As mulheres propuseram um Seminário do Movimento de Mulheres com organizações parceiras para discutir avanços e desafios do movimento de mulheres. Em seguida, elas criaram uma comissão para organizar o seminário e já marcaram reuniões para essa comissão”. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Não somos “as meninas das galinhas”


“No Ceará, o Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar) executa uma chamada de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), no território do Sertões de Canindé, que abrange 240 mulheres em seis municípios. O Esplar, tem 40 anos de discussão da agroecologia e do feminismo com as comunidades e com as agricultoras. Entretanto sabemos que existem instituições executoras de chamadas que têm dificuldade de formação e prática técnica.
Eu trago o exemplo claro de uma experiência sobre a visão do papel das técnicas . A gente chegou em várias comunidades para trabalhar com ATER para mulheres e foi reconhecida como "as meninas das galinhas". Nós percebemos que as pessoas esperavam um caráter produtivista, que levasse somente um projeto de criação de galinhas. É muito mais fácil, para profissionais que não têm formação agroecológica, associar que mulher tem a ver com quintal, que tem a ver com galinha. É muito mais prático fazer extensão de tecnologia do que a comunicação tecnológica, não promovendo a valorização do potencial e saberes femininos, não discutindo outros projetos produtivos, a diversidade, a agroecologia e muito menos o feminismo.
As chamadas de ATER precisam de uma discussão política que tenha um olhar significativo para a formação dos técnicos e técnicas. Para que as atividades desenvolvidas com mulheres não reproduzam o assistencialismo e os agentes sejam reconhecidos como problematizadores da realidade. E essa formação reflete em toda a qualidade da assessoria nas comunidades”. Andrea Sousa, Técnica do ESPLAR durante o Seminário do GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). 

GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia realiza seminário temático sobre ATER no Brasil

     O atendimento a pelo menos 50% e de qualidade às mulheres nas chamadas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) no Brasil é tema do seminário promovido pelo Grupo de Trabalho Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (GT Mulheres da ANA). Entre os dias 14 e 15/05, mais de 40 integrantes, de diversas organizações e movimentos nacionais e latino-americanos, participam da reunião do GT, no Recanto São José em Belo Horizonte (MG).

         No primeiro dia do seminário, foi realizada uma análise do atual contexto da Política Nacional da ATER no Brasil e dos desafios que estão colocados para a garantia e avanço de direitos das mulheres rurais. Liliam Telles, técnica do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), recorda que a chamada de Agroecologia foi uma conquista, a primeira a prever a participação paritária do público feminino e 30% dos recursos para atividades específicas com mulheres. Entretanto, editais posteriores lançados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) não incorporaram o atendimento a pelo menos 50% de mulheres, conforme orientações da última Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário.

Outros aspectos discutidos no seminário foram o orçamento destinado para as políticas públicas no Plano Plurianual (PPA) do governo e a necessidade de uma concepção da Ater feminista. Concepção esta que deve visar além da produção, à auto-organização das beneficiárias e à reflexão crítica sobre o modelo de desenvolvimento construído. Visibilizando, assim, o conhecimento produzido e acumulado pelas mulheres.
Foram defendidas a formação de técnicos/as da Ater, com base nas experiências das organizações feministas e agroecológicas nos territórios; a criação de processos que possibilitem o maior controle social no credenciamento e na execução dos projetos pelas entidades, a exemplo dos comitês territoriais; a revisão dos critérios de pontuação das chamadas, que permita privilegiar a experiência da equipe técnica e de agricultores/as na assessoria para a transição agroecológica. Foram propostas ainda a criação de outro instrumento para o reconhecimento da agricultura familiar e acesso às políticas, para além da DAP, bem como a implantação de políticas de comercialização e linhas de crédito adequadas aos projetos agroecológicos.
Um documento será elaborado a fim de tornar públicas as questões levantadas. Documento que servirá futuramente para subsidiar o diálogo com o governo e a sociedade civil e contribuir para os seminários regionais de construção do segundo Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) no âmbito da ANA.





segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mulheres rurais trocam conhecimentos sobre auto-organização

            Na última quarta-feira (29/04), cerca 20 mulheres rurais se reuniram na comunidade Capim Roxo, em Caparaó (MG), para conversarem sobre a criação de um grupo local. Agricultoras familiares de Espera Feliz, Ervália e Divino, que são lideranças mobilizadoras de mulheres, deram sua contribuição contando quais os processos necessários e quais os benefícios da auto-organização feminina.


       Armezinda da Silva Firmino, coordenadora do grupo produtivo Raízes da Terra, chamou atenção para a necessidade de empoderar as mulheres e solidificar valores que promovam a unidade do coletivo e respeitem a individualidade das envolvidas.  "O empoderamento é o que tem dentro da gente e que precisa vir para fora. Quando isso começa a acontecer, a gente vê que não é menos que ninguém e nem mais. A gente começa saber que é capaz, que tem poder de realizar. A gente descobre que pode buscar melhorias e trabalho para nossa família e para a comunidade".
           Ziula Fernandes de Lima relata que, apesar de Capim Roxo ser grande e possuir muitas mulheres, não há organização das moradoras e nem oportunidades de atividades para-além das domésticas. "Às vezes, a gente fica só na beirada de fogão, então a expectativa é muito grande de a gente trabalhar outras coisas, não só visando lucro, mas também aprender. Com o grupo formado, podemos repassar os conhecimentos que temos e desenvolver novos trabalhos. Isso vai levantar a autoestima da gente", avalia Ziula.
            Além da roda de conversa, na qual foram compartilhadas as demandas locais e a experiência dos grupos já articulados, houve um momento de esclarecimento de dúvidas e de distribuição de materiais informativos. Os trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata(CTA) e pelo Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais (MMZML) também foram apresentados.

            Acontecerá, em maio, uma reunião para a definição da comissão responsável pela coordenação e gestão do grupo, bem como uma oficina técnica sobre a produção de sabonete.