Por Wanessa Marinho
Nem o calor escaldante de Montes Claros foi capaz de nos
parar. “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres” é o tema da 4ª ação
internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), da qual a nossa caminhada
faz parte.
E o que é liberdade pra você? E o
que é liberdade pra nós? “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem
nome’, afirmou uma vez Clarice. Nesse momento, eu poderia dizer que o que eu
desejo tem nome sim: “direito”.
E digo mais: tem nome e
sobrenome.
Direito de ir e vir nos horários
que eu quiser. (Sem ter que ouvir: “O que uma mulher quer na rua a essa hora?”
– do policial)
Direito de ter o corpo que eu
quiser. (“É feia, gorda e mal amada. Coitada!” – do machistinha)
Direito de usar a roupar que eu
quiser. (“Com uma roupa dessas é porque tá querendo!” – do desconhecido.)
Direito de igualdade de salários.
(“O salário é diferente porque vocês são diferentes. Você sabe!” – do chefe.)
Direito de plantar
agroecologicamente. (“Eu vou jogar veneno porque essa terra é minha!” – do
marido)
Direito de permanecer no meu
território. (“Vai ter que sair porque eu tô trazendo o progresso!” – do
empresário da mineração.)
Direito de escolher ter um
companheiro (a) ou não. (“Essa daí com essa mania de independência não vai arrumar
ninguém!” – da família.)
Direito de abortar. (“Assassina!”
– da maioria da população.)
Direito de não ser assediada pelo
chefe ou pelo pedreiro. (“Me faz uma massagem?!” ou “Nossa, essa eu chupava até
o caroço!” – Isso é assédio, não elogio e eu não sou obrigada!)
Direito de sair para beber
sozinha ou com os amigos. (“Claro que ia ser estuprada. Esperava o quê?” – do
conhecido (a))
Direito de escolher cuidar da
casa e dos filhos. (“Ela é uma encostada, sustentada pelo marido!” – da amiga
que trabalha.)
Direito de não ser espancada
porque quem quer que seja. (“Se apanhou ou foi porque gosta ou porque mereceu!”
– do vizinho.)
Direito de participação política.
(“Pra quê? Mulher não entende nada disso!” – do entendido de política.)
Direito de ser MULHER!
O que tem pra hoje é ouvir frases
como essas. Os direitos mínimos nós ainda não temos. Pelo contrário, tivemos o
asfalto quente em Montes Claros ontem e, provavelmente, é o que teremos pra
amanhã (em Varzelândia), onde continuaremos a nossa caminhada. Seguiremos em
luta até que todas sejamos livres. Até quando?
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