sábado, 18 de abril de 2015

Mulheres em Marcha

Por Wanessa Marinho

Nem o calor escaldante de Montes Claros foi capaz de nos parar. “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres” é o tema da 4ª ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), da qual a nossa caminhada faz parte.

E o que é liberdade pra você? E o que é liberdade pra nós? “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome’, afirmou uma vez Clarice. Nesse momento, eu poderia dizer que o que eu desejo tem nome sim: “direito”.
E digo mais: tem nome e sobrenome.

Direito de ir e vir nos horários que eu quiser. (Sem ter que ouvir: “O que uma mulher quer na rua a essa hora?” – do policial)

Direito de ter o corpo que eu quiser. (“É feia, gorda e mal amada. Coitada!” – do machistinha)

Direito de usar a roupar que eu quiser. (“Com uma roupa dessas é porque tá querendo!” – do desconhecido.)

Direito de igualdade de salários. (“O salário é diferente porque vocês são diferentes. Você sabe!” – do chefe.)

Direito de plantar agroecologicamente. (“Eu vou jogar veneno porque essa terra é minha!” – do marido)

Direito de permanecer no meu território. (“Vai ter que sair porque eu tô trazendo o progresso!” – do empresário da mineração.)

Direito de escolher ter um companheiro (a) ou não. (“Essa daí com essa mania de independência não vai arrumar ninguém!” – da família.)

Direito de abortar. (“Assassina!” – da maioria da população.)

Direito de não ser assediada pelo chefe ou pelo pedreiro. (“Me faz uma massagem?!” ou “Nossa, essa eu chupava até o caroço!” – Isso é assédio, não elogio e eu não sou obrigada!)

Direito de sair para beber sozinha ou com os amigos. (“Claro que ia ser estuprada. Esperava o quê?” – do conhecido (a))

Direito de escolher cuidar da casa e dos filhos. (“Ela é uma encostada, sustentada pelo marido!” – da amiga que trabalha.)

Direito de não ser espancada porque quem quer que seja. (“Se apanhou ou foi porque gosta ou porque mereceu!” – do vizinho.)

Direito de participação política. (“Pra quê? Mulher não entende nada disso!” – do entendido de política.)

Direito de ser MULHER!

O que tem pra hoje é ouvir frases como essas. Os direitos mínimos nós ainda não temos. Pelo contrário, tivemos o asfalto quente em Montes Claros ontem e, provavelmente, é o que teremos pra amanhã (em Varzelândia), onde continuaremos a nossa caminhada. Seguiremos em luta até que todas sejamos livres. Até quando?

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