Somos 3000 mulheres reunidas em Montes Claros e
Varzelândia entre os dias 17 e 19 de abril de 2015 para a V Marcha do Coletivo
de Mulheres do Norte de Minas e a IV Ação Internacional da Marcha Mundial das
Mulheres.
Essa ação busca fortalecer a defesa dos
“territórios das mulheres”, seu corpo e o lugar onde se vive, se trabalha e se
desenvolvem as lutas e relações comunitárias, deixando marcas históricas no
tempo.
Mulheres de todo o mundo saem às ruas para
denunciar as causas de sua opressão e discriminação e, assim, visibilizam as
resistências e as alternativas que constroem para um mundo baseado na
igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade.
Lutamos pela integridade dos nossos corpos e dos
nossos territórios frente à violência machista, do patriarcado, do racismo e do
capitalismo. A violência contra as mulheres é histórica e cultural, exercida na
maioria dos casos por homens muito próximos. É preciso romper o silêncio, o
medo, o sentimento de culpa e a ideia de que a violência é natural na vida das
mulheres, como se fizesse parte de seu destino.
A violência é um instrumento do patriarcado para
impor às mulheres a responsabilidade pelo trabalho doméstico e de cuidados,
para nos negar o espaço público, para calar a nossa voz.
Trabalhamos cotidianamente fortalecendo a nós
mulheres para o enfrentamento à violência e chamamos a responsabilidade para a
sociedade e o poder público. Da mesma forma que resistimos à violência do
machismo, resistimos à violência imposta pelas grandes empresas sobre nossos
territórios.
Denunciamos a violação dos direitos das mulheres e
das comunidades tradicionais nos processos de licenciamento ambiental para a
instalação dos projetos de mineração no estado de Minas Gerais.
Nos últimos dez anos a extração de minérios e a
instalação de minerodutos pelas empresas transnacionais tem acelerado os
impactos sociais e ambientais no estado de Minas Gerais. Por isso, nesses dias
gritamos “eu não aguento tanta humilhação, não tem água para beber, mas tem
para a mineração”.
Atualmente, estima-se que a atividade de mineração
desenvolvida por 52 empresas já afetam um milhão de pessoas no Brasil. Porém, o
modelo capitalista que privilegia as grandes corporações e exporta os bens
naturais afeta principalmente a vida das mulheres. Além de sofrerem opressão de
gênero, as mulheres são as mais violadas pelas situações de miséria e
desestruturação social, familiar e individual causadas pela instalação das
grandes empresas de mineração, além de outras atividades, como as barragens,
monoculturas de eucalipto e o agronegócio em seus territórios e nos entornos.
Entre as violações que afetam direta e
principalmente a vida das mulheres denunciamos a perda de nossas terras para a
produção de alimentos, de nossas moradias e do trabalho gerador de renda, o
aumento da sobrecarga do trabalho pelo escasseamento dos recursos naturais como
a água, a redução na participação política e nas decisões legais de negociação
com as empresas, além do aumento da vulnerabilidade à exploração sexual, à
prostituição e ao tráfico de mulheres, dentre outras formas de violência. Nos
casos em que as populações são desterritorializadas as mulheres têm maior
dificuldade de adaptação ao trabalho urbano e acabam sendo absorvidas pelos
trabalhos mais precarizados.
Frente a esse contexto as mulheres do estado de
Minas Gerais e de todo o mundo tem resistido bravamente a ganancia das
mineradoras, construindo a agroecologia, se autorganizando e praticando
solidariedade feminista.
As mulheres praticam agroecologia em seus quintais
ou em grupos produtivos com manejo sustentável que respeita e valoriza a
natureza e os saberes tradicionais. Por isso afirmamos que sem feminismo não ha
agroecologia!
As mulheres querem uma reforma do sistema politico
que amplie sua participação e do povo, rompendo com o controle das elites e das
empresas sobre o mesmo. Por isso afirmamos que essa reforma politica só é
possível com constituinte exclusiva do sistema politico.
Construímos as nossas próprias formas de
comunicação como parte da luta pela democratização da mídia!
Por isso, reivindicamos da prefeitura municipal de
Varzelândia
– o atendimento diferenciado à saúde da mulher
– a criação da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres
– a ampliação do número de creches na zona rural
– o atendimento diferenciado à saúde da mulher
– a criação da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres
– a ampliação do número de creches na zona rural
Reivindicamos do governo do estado de Minas Gerais
– o funcionamento das unidades móveis para o enfrentamento à violência contra as mulheres;
– um programa de regularização fundiária para a agricultura familiar e camponesa e para os povos e comunidades tradicionais;
– o funcionamento das unidades móveis para o enfrentamento à violência contra as mulheres;
– um programa de regularização fundiária para a agricultura familiar e camponesa e para os povos e comunidades tradicionais;
Reivindicamos do governo federal
– a regularização do território quilombola do Brejo dos Crioulos
– uma política de restrição da implantação dos grandes projetos como a mineração e barragens em áreas ocupadas pela agricultura familiar e camponesa e pelos povos e comunidades tradicionais
– a regularização do território quilombola do Brejo dos Crioulos
– uma política de restrição da implantação dos grandes projetos como a mineração e barragens em áreas ocupadas pela agricultura familiar e camponesa e pelos povos e comunidades tradicionais
A V Marcha do Coletivo de Mulheres do Norte de
Minas que tem como lema “Mulheres e Agroecologia Vida e Sabedoria” e a IV Ação
Internacional da Marcha Mundial das Mulheres representam a nossa resistência às
investidas do capitalismo sobre nossas vidas, nossos corpos e nossos
territórios. Dando continuidade à ação iniciada pelas mulheres da Marcha
Mundial das Mulheres no estado do Tocantins, estaremos mobilizadas
permanentemente, lutando pela garantia dos nossos direitos, pela igualdade,
justiça e solidariedade entre os povos.
Seguiremos em marcha até que
todas sejamos livres!!!
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