Integrantes de oito estados se reúnem em Recife
para o primeiro módulo do Programa de Formação em Gestão de Empreendimentos
(PFG) do Nordeste. O objetivo do encontro, que acontece entre 22 e 26 de julho,
é a autonomia econômica das mulheres, a partir da qualificação dos grupos
produtivos aos quais elas pertencem.
A equipe técnica da Cooperação e Apoio a Projetos
de Inspiração Alternativa- Capina estimula a intervenção ativa das
participantes para desenvolver os principais temas da
formação, que são gestão democrática, comercialização e
viabilidade econômica. Para isso, cinco equipes de trabalho
foram definidas para estruturar as atividades e autogestionar o curso.
Terezinha Pimenta esclarece que o PFG parte da prática
dos grupos produtivos e, portanto, é necessário refletir sobre os elementos
presentes nos processos cotidianos, para que os empreendimentos sobrevivam e
progridam ao longo do tempo. As mais de 30 integrantes de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio
Grande do Norte subdividiram-se nos espaços de
coordenação, registro, avaliação processual, infraestrutura e outras linguagens
(dinâmicas de tradução do conhecimento de forma mais lúdica).
Os
principais desafios levantados, referentes à gestão e viabilidade,
infraestrutura, comercialização, políticas públicas e marco legal foram
debatidos na tarde de ontem (22/07). A agricultora paraibana Betânia Buriti comenta que as iniciativas
costumam visar à autoestima da mulher, “mas não consideram a complexidade que é
a comercialização, que depois gera retorno econômico para os grupos. O estudo
de viabilidade é importante para estarmos bem mais fortes”.
Outro ponto de reflexão foram as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para estarem nos ambientes de
formação. Muitas delas relataram que sofrem com a sobrecarga de tarefas da casa
que previamente precisam cumprir, pela falta de equidade na divisão dos
trabalhos domésticos. Apesar das adversidades, quem veio ao PFG demonstra que as expectativas são as melhores. “Eu acredito que vou levar outra visão
para o meu grupo. A gente tem que trabalhar com a razão, não pode trabalhar só
com o coração e nem estar se apiedando como coitadinhas. Sem o estudo de
viabilidade econômica a gente morre na praia, os outros crescem e a gente fica
para trás”, afirma Edilza Nascimento, artesã de Pirangi do Norte, no litoral
sul de Natal.
O PFG é uma das ações
do Projeto Mulheres e Agroecologia em Rede, uma parceria entre o Centro deTecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), a Cooperação e Apoio a Projetos
de Inspiração Alternativa (CAPINA), e as Redes de Mulheres das cinco regiões do
país, com financiamento da União Européia.
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