sábado, 18 de julho de 2015

Experiências das agricultoras familiares enriquecem Instalação da Caderneta Agroecológica

          Empoderamento. Palavra que define bem um dos principais resultados da Caderneta Agroecológica na vida das agricultoras familiares atendidas pelo projeto Mulheres e Agroecologia em Rede. Foi o que demonstrou os relatos e o protagonismo das beneficiárias na instalação artístico pedagógica da Caderneta, que ocorreu no último sábado (11/07), durante a VII Troca de Saberes da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
            O objetivo do espaço foi apresentar o instrumento de monitoramento da renda das mulheres rurais, desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), e algumas das análises que estão sendo feitas, a partir das anotações de 64 agricultoras, em onze municípios mineiros. A Caderneta quantifica e valora a renda que as agricultoras geram a partir das trocas, vendas, doações e  autoconsumo das famílias.
Após um ano de acompanhamento dos quintais produtivos, as participantes contaram como o trabalho tem contribuído para a transformação de suas realidades. “A caderneta vem para nos mostrar aquilo que a mulher acha que não faz. Quando a gente anota tudo que produz e vê tudo que deixa de comprar no mercado, a gente vê que não sabia que trabalhava. Eu chegava a falar: eu estou tão cansada e não fiz nada”, explica Maria Caetano, a dona Lia, de Diogo de Vasconcelos.
Outra descoberta das agricultoras foi a importante parcela que elas têm na segurança alimentar e na saúde da família. Solange Peron, de Espera Feliz, chama a atenção para a diversidade e  a qualidade dos alimentos que são “produto  da mão da gente, do cuidado com a nossa terra”, todos cultivados sem veneno e sem adubo químico. Produtos que geram uma economia significativa ao final do mês, por suprir vários itens que deixam de ser comprados fora das unidades produtivas: carne, ovos, leite, frutas, leguminosas, verduras, doces, etc. 
Os desafios enfrentados na construção de relações mais justas dentro da família, a conservação de sementes crioulas e o resgate de espécies nativas, a valorização do trabalho feminino  e a necessidade de auto-organização para enfrentamento do machismo foram alguns dos pontos de diálogo entre as mais de 40 participantes da Instalação.
Segundo o assessor técnico Guto Lopes, a expectativa é que a sistematização dos dados da Caderneta seja concluída ao final do ano e prossiga gerando impactos positivos, alcançando a esfera da criação e aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas para mulheres rurais. Ações que contemplem iniciativas de financiamento e fomento da produção e que reconheçam as agricultoras como protagonistas na construção da agroecologia.




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