Empoderamento. Palavra que
define bem um dos principais resultados da Caderneta Agroecológica na vida das
agricultoras familiares atendidas pelo projeto Mulheres e Agroecologia em Rede. Foi o que demonstrou os relatos e o protagonismo das beneficiárias na instalação
artístico pedagógica da Caderneta, que ocorreu no último sábado (11/07),
durante a VII Troca de Saberes da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O
objetivo do espaço foi apresentar o instrumento de monitoramento da renda das
mulheres rurais, desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), e algumas das análises que estão sendo feitas, a partir das
anotações de 64 agricultoras, em onze municípios mineiros. A Caderneta
quantifica e valora a renda que as agricultoras geram a partir das trocas,
vendas, doações e autoconsumo das famílias.
Após um ano de
acompanhamento dos quintais produtivos, as participantes contaram como
o trabalho tem contribuído para a transformação de suas realidades. “A
caderneta vem para nos mostrar aquilo que a mulher acha que não faz. Quando a
gente anota tudo que produz e vê tudo que deixa de comprar no mercado, a gente
vê que não sabia que trabalhava. Eu chegava a falar: eu estou tão cansada e não
fiz nada”, explica Maria Caetano, a dona Lia, de Diogo de Vasconcelos.
Outra descoberta das
agricultoras foi a importante parcela que elas têm na segurança alimentar e na
saúde da família. Solange Peron, de Espera Feliz, chama a atenção para a
diversidade e a qualidade dos alimentos que são “produto da mão da gente,
do cuidado com a nossa terra”, todos cultivados sem veneno e sem adubo
químico. Produtos que geram uma economia significativa ao final do mês, por suprir vários itens que deixam de ser comprados fora das unidades produtivas: carne, ovos, leite, frutas, leguminosas, verduras, doces, etc.
Os desafios
enfrentados na construção de relações mais justas dentro da família, a
conservação de sementes crioulas e o resgate de espécies nativas, a valorização
do trabalho feminino e a necessidade de auto-organização para
enfrentamento do machismo foram alguns dos pontos de diálogo entre as mais de
40 participantes da Instalação.
Segundo o assessor
técnico Guto Lopes, a expectativa é que a sistematização dos dados da Caderneta
seja concluída ao final do ano e prossiga gerando impactos positivos,
alcançando a esfera da criação e aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas
para mulheres rurais. Ações que contemplem iniciativas de financiamento e
fomento da produção e que reconheçam as agricultoras como protagonistas na
construção da agroecologia.
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