sexta-feira, 31 de julho de 2015

Viabilidade das iniciativas protagonizadas por mulheres é trabalhada no PFG Nordeste


Sobreviver ao longo do tempo gerando renda é um dos desafios enfrentados pelos grupos produtivos de mulheres. Para alcançar esta meta as beneficiárias do “Mulheres e Agroecologia em Rede” estão contando com a contribuição do Programa de Formação em Gestão (PFG), que está sendo executado em quatro regiões do Brasil. Na última semana, o PFG teve realização em Recife e englobou 30 integrantes de oito estados do Nordeste.
O curso é dividido em dois módulos de cinco dias e tem como temas viabilidade econômica, gestão democrática e comercialização. Neste primeiro módulo, Terezinha Pimenta, técnica da ONG Capina e uma das formadoras do PFG, avalia que o interesse de todas as participantes foi fundamental para que o curso transcorresse de forma intensa, abordando as principais preocupações vividas pelos grupos.
O beneficiamento da polpa de umbu feito pelo grupo “Mulheres Filhas da Terra” foi escolhido para o passo a passo da produção e, à medida que as paraibanas explicavam o processo adotado pelo empreendimento, foram introduzidos conceitos e cálculos de custo fixo, custo variável, margem de contribuição, investimento e depreciação.  
Para Maria Betânia Buriti Alves, da comunidade de Canoa de Dentro em Pedra Lavrada (PB), o PFG veio mostrar a necessidade de um maior planejamento das agricultoras. “Precisamos tirar como meta fazer a viabilidade de todos os produtos que beneficiamos do umbu, como doces, geleia, compotas, mousse, cocadas, suco a vapor, em um período mais curto, para melhorarmos a gestão e a comercialização e nos aperfeiçoarmos dentro das exigências da vigilância, que são muitas”.

Para complementar a formação prática, foi feito intercâmbio a uma unidade de beneficiamento de polpas e entreposto de mel acompanhada pelo Centro Sabiá de Desenvolvimento Agroecológico, na comunidade Rio Formoso (PE). Na oportunidade, foram conhecidas as instalações e a organização produtiva, com o auxílio dos jovens agricultores Franceli Gomes da Silva e Gideão Patrício Silva Barros que guiaram e responderam as curiosidades e dúvidas das visitantes.
A programação do PFG foi composta ainda por um passeio ao centro de Recife, feira de produtos agroecológicos, noite cultural e diversas dinâmicas e metodologias participativas, que tornaram o curso um espaço de interação e fortalecimento da rede nordeste, com a troca de experiências entre as mais de 20 iniciativas populares representadas.

Apolônia Gomes, da Rede Pajeú e articuladora do “Mulheres e Agroecologia” no Nordeste, ressalta a importância do projeto para a região. “O PFG vem contribuir no gerenciamento dos grupos, trazendo com clareza a possibilidade de viabilização econômica dos empreendimentos. Vamos continuar trabalhando com outras mulheres, fazendo a multiplicação nos grupos, para que elas cresçam economicamente, alcancem autonomia de gestão, enxerguem novos horizontes e caminhem de fato”, pontua.

Acesse a galeria de fotos do curso e ouça também a entrevista da Rádio Pioneira de Teresina, sobre o PFG: 




quinta-feira, 23 de julho de 2015

Primeiro módulo do PFG Nordeste acontece em Recife

Integrantes de oito estados se reúnem em Recife para o primeiro módulo do Programa de Formação em Gestão de Empreendimentos (PFG) do Nordeste. O objetivo do encontro, que acontece entre 22 e 26 de julho, é a autonomia econômica das mulheres, a partir da qualificação dos grupos produtivos aos quais elas pertencem.
A equipe técnica da Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa- Capina estimula a intervenção ativa das participantes para desenvolver os principais temas da formação, que são gestão democrática, comercialização e viabilidade econômica. Para isso, cinco equipes de trabalho foram definidas para estruturar as atividades e autogestionar o curso.
Terezinha Pimenta esclarece que o PFG parte da prática dos grupos produtivos e, portanto, é necessário refletir sobre os elementos presentes nos processos cotidianos, para que os empreendimentos sobrevivam e progridam ao longo do tempo. As mais de 30 integrantes de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte subdividiram-se nos espaços de coordenação, registro, avaliação processual, infraestrutura e outras linguagens (dinâmicas de tradução do conhecimento de forma mais lúdica).
            Os principais desafios levantados, referentes à gestão e viabilidade, infraestrutura, comercialização, políticas públicas e marco legal foram debatidos na tarde de ontem (22/07). A agricultora paraibana Betânia Buriti comenta que as iniciativas costumam visar à autoestima da mulher, “mas não consideram a complexidade que é a comercialização, que depois gera retorno econômico para os grupos. O estudo de viabilidade é importante para estarmos bem mais fortes”.
Outro ponto de reflexão foram as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para estarem nos ambientes de formação. Muitas delas relataram que sofrem com a sobrecarga de tarefas da casa que previamente precisam cumprir, pela falta de equidade na divisão dos trabalhos domésticos. Apesar das adversidades, quem veio ao PFG demonstra que as expectativas são as melhores. “Eu acredito que vou levar outra visão para o meu grupo. A gente tem que trabalhar com a razão, não pode trabalhar só com o coração e nem estar se apiedando como coitadinhas. Sem o estudo de viabilidade econômica a gente morre na praia, os outros crescem e a gente fica para trás”, afirma Edilza Nascimento, artesã de Pirangi do Norte, no litoral sul de Natal.

O PFG é uma das ações do Projeto Mulheres e Agroecologia em Rede, uma parceria entre o Centro deTecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), a Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa (CAPINA), e as Redes de Mulheres das cinco regiões do país, com financiamento da União Européia.


sábado, 18 de julho de 2015

Experiências das agricultoras familiares enriquecem Instalação da Caderneta Agroecológica

          Empoderamento. Palavra que define bem um dos principais resultados da Caderneta Agroecológica na vida das agricultoras familiares atendidas pelo projeto Mulheres e Agroecologia em Rede. Foi o que demonstrou os relatos e o protagonismo das beneficiárias na instalação artístico pedagógica da Caderneta, que ocorreu no último sábado (11/07), durante a VII Troca de Saberes da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
            O objetivo do espaço foi apresentar o instrumento de monitoramento da renda das mulheres rurais, desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), e algumas das análises que estão sendo feitas, a partir das anotações de 64 agricultoras, em onze municípios mineiros. A Caderneta quantifica e valora a renda que as agricultoras geram a partir das trocas, vendas, doações e  autoconsumo das famílias.
Após um ano de acompanhamento dos quintais produtivos, as participantes contaram como o trabalho tem contribuído para a transformação de suas realidades. “A caderneta vem para nos mostrar aquilo que a mulher acha que não faz. Quando a gente anota tudo que produz e vê tudo que deixa de comprar no mercado, a gente vê que não sabia que trabalhava. Eu chegava a falar: eu estou tão cansada e não fiz nada”, explica Maria Caetano, a dona Lia, de Diogo de Vasconcelos.
Outra descoberta das agricultoras foi a importante parcela que elas têm na segurança alimentar e na saúde da família. Solange Peron, de Espera Feliz, chama a atenção para a diversidade e  a qualidade dos alimentos que são “produto  da mão da gente, do cuidado com a nossa terra”, todos cultivados sem veneno e sem adubo químico. Produtos que geram uma economia significativa ao final do mês, por suprir vários itens que deixam de ser comprados fora das unidades produtivas: carne, ovos, leite, frutas, leguminosas, verduras, doces, etc. 
Os desafios enfrentados na construção de relações mais justas dentro da família, a conservação de sementes crioulas e o resgate de espécies nativas, a valorização do trabalho feminino  e a necessidade de auto-organização para enfrentamento do machismo foram alguns dos pontos de diálogo entre as mais de 40 participantes da Instalação.
Segundo o assessor técnico Guto Lopes, a expectativa é que a sistematização dos dados da Caderneta seja concluída ao final do ano e prossiga gerando impactos positivos, alcançando a esfera da criação e aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas para mulheres rurais. Ações que contemplem iniciativas de financiamento e fomento da produção e que reconheçam as agricultoras como protagonistas na construção da agroecologia.




sexta-feira, 10 de julho de 2015

Do quintal pra cozinha: o sabor da agroecologia

O ambiente da cozinha do Centro de Tecnologias Alternativas, o CTA, estava contagiante, na última quarta-feira (08/07). Ao redor da mesa colorida por uma vasta quantidade de alimentos, 18 mulheres, de grupos produtivos de Diogo de Vasconcelos e de Viçosa, distribuíam brincadeiras e gargalhadas.
Coxinha, bolo de cenoura, de laranja, pão de batata. As receitas favoritas de cada uma das agricultoras familiares ganhavam um novo formato, o sabor agroecológico. O inhame virou massa de coxinha; féculas de arroz, de batata, de milho e de mandioca mescladas serviram de base para os bolos, substituindo a farinha de trigo industrializada. Na “cozinha da vida” o transgênico e o industrializado não tiveram vez, o protagonismo ficou para o quintal, para o aproveitamento da diversidade de alimentos.
Coordenando o dia de atividades na cozinha, a culinarista agroecológica Renata Solar estimulou, do início ao fim, as participantes a usarem a criatividade para fazer de seus quintais verdadeiras fontes de saúde.
“A culinária agroecológica é mais do que seguir uma receita perfeitamente. Aqui a gente aprendeu a importância de construir, de usar a criatividade para transformar aquelas receitas que gostamos com os alimentos que vêm do nosso próprio quintal. Hoje foram bolos, pães, coxinha, mas podemos ter produtos agroecológicos de qualquer outra receita, basta tentar, experimentar”, enfatizou Renata.
A agricultora familiar e empreendedora viçosense Maria Luciana de Souza, dona da "Cozinha da Luciana", se mostrou bastante participativa na oficina  e quer implantar os novos conhecimentos na produção dos seus bolos o quanto antes. “Foi um dia muito divertido. Eu sou tímida, mas me senti muito à vontade com as companheiras. E também é ótimo aprender coisas novas. Vou tentar agora começar a trocar a farinha de trigo tradicional pelas que a gente aprendeu a fazer hoje”, relata Luciana.
Para Elismar dos Santos “a vida sem aprendizado não tem sentido”, a agricultora da Comunidade de Bela Vista, de Diogo de Vasconcelos, acredita que a oficina proporcionou muito conhecimento para ela. “Eu vim para aprender um pouco mais, conhecer pessoas, fazer novas amizades. E, de presente, ainda aprendi a dar mais valor ao que eu tenho em casa”, exclamou sorridente, Elismar.
         Ao final da tarde, todas as participantes puderam provar das delícias produzidas durante a oficina. As comidas foram acompanhadas de chá verde e suco da casca do abacaxi.






Caderneta Agroecológica é tema de Instalação Artístico Pedagógica da VII Troca de Saberes

Nesta sexta-feira (10/07), se inicia a VII Troca de Saberes no Gramado Escola da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Durante o evento, que será realizado até o dia 14, serão oferecidas Instalações Artístico Pedagógicas. Esta metodologia favorece a troca dos conhecimentos populares, trazidos pelos agricultores familiares, e dos conhecimentos científicos, produzidos pelos pesquisadores facilitadores das instalações. A agrônoma Nina Abigail explica que as instalações são repletas de elementos que suscitam reflexões sobre o tema trabalhado.

Um destes temas será a Caderneta Agroecológica. Esta caderneta foi elaborada pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), e é um instrumento para monitorar a renda monetária e não monetária gerada pelas mulheres rurais. Um dos objetivos da caderneta é reconhecer e valorizar o trabalho realizado pelas agricultoras e dar visibilidade à contribuição delas para a manutenção das unidades produtivas.

Foram impressas e distribuídas mil Cadernetas Agroecológicas para as beneficiárias do projeto Mulheres e Agroecologia em Rede, financiado pela União Europeia, que está sendo executado nas cinco regiões do Brasil, em parceria com movimentos e organizações agroecológicas e feministas. Na Zona da Mata e Leste de Minas, tem sido feito um acompanhamento técnico para monitorar o trabalho de 64 agricultoras em 11 diferentes municípios.

Está sendo realizada uma sistematização dos dados coletados pela equipe técnica e com os resultados será possível incidir na criação e aprimoramento de políticas públicas voltadas para este público, as agricultoras familiares. A Caderneta Agroecológica e alguns dos resultados serão apresentados no espaço da instalação.

Não deixe de participar da Troca de Saberes 2015! A Instalação Artístico Pedagógica sobre a caderneta Agroecológica vai acontecer neste sábado (11) as 14h na sala 103 do Pavilhão de Aulas II (PVB) na Universidade Federal de Viçosa.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Grupos produtivos de mulheres planejam agenda de atividades


Dando continuidade ao objetivo de potencializar o trabalho desenvolvido pelas mulheres rurais, na última quarta-feira (01/07), aconteceu um encontro do projeto “Mulheres e Agroecologia” com os grupos produtivos das comunidades de Diogo de Vasconcelos e de Acaiaca.  Foi socializado o cronograma de atividades previsto para os próximos meses, que faz parte do monitoramento e acompanhamento dos empreendimentos atendidos pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA).

Na ocasião, houve um diálogo sobre o andamento das ações do projeto. Dora Feital, coordenadora do Mulheres e Agroecologia Zona da Mata e Leste de Minas, comunicou os avanços no processo de solicitação dos equipamentos que as beneficiárias vão receber.  Os grupos produtivos acordaram os procedimentos que serão adotados para o  melhor aproveitamento dos materiais adquiridos.

Serão realizadas, ainda neste mês de julho, duas oficinas técnicas com temáticas escolhidas pelas integrantes: uma de culinária e uma de agricultura. Outra atividade na qual as mulheres já se organizam para estarem presentes é a VII Troca de Saberes, que tem por tema "Brotar da terra a liberdade do florescer da vida" e que ocorrerá entre os dias 10 e 14, na Universidade Federal de Viçosa.


Em agosto, na agenda das agricultoras familiares estão programados uma oficina de artesanato e um intercâmbio com grupos produtivos de mulheres do Rio de Janeiro. O intercâmbio é um processo de reflexão e aprendizagem a partir da prática dos grupos, e facilita a troca de experiências entre as participantes.

Todas essas ações visam ao fortalecimento dos grupos produtivos e da rede de agroecologia, bem como à autonomia das agricultoras atendidas pelo CTA.