Lideranças de mais
de 15 redes e movimentos sociais que representam as mulheres camponesas,
agricultoras familiares, agricultoras urbanas e periurbanas, e quilombolas se
reuniram entre os dias 5 e 6/02, no sítio da Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG), em Belo Horizonte. O objetivo
do encontro foi retomar um processo de articulação das mulheres mineiras para a
construção de uma pauta unificada e uma agenda de lutas no estado.
Siumara Oliveira,
militante do MST e articuladora do Projeto “As mulheres rurais e a agroecologia
na Região Sudeste: tecnologia para autonomia econômica, segurança alimentar e
conservação da biodiversidade” em Minas Gerais, explica que a retomada do
diálogo entre as organizações e movimentos sociais é indispensável para
potencializar a luta por direitos e a superação dos problemas que afetam a vida
das mulheres. “Enfrentamento à violência contra a mulher, reforma agrária
e acesso a terra, combate à mineração, agrotóxicos e agronegócio, denúncia do
patriarcado, construção e garantia de acesso às políticas públicas, valorização
do trabalho, autonomia das mulheres, saúde e justiça são temas centrais na
unificação da pauta”, destaca Siumara.
A integrante do GT
Gênero e Agroecologia e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Liliam
Telles, aponta que, em Minas Gerais, há uma retomada e aprofundamento dos
processos de auto-organização das mulheres nas regiões ao mesmo tempo em que os
enfrentamentos às diferentes expressões do agronegócio se multiplicam. Neste
cenário, “é fundamental construir o diálogo e unificar as pautas para dar
visibilidade à luta das mulheres e influenciar as políticas públicas e seus
espaços de controle social”. A militante cita, por exemplo, a necessidade de
incidir sobre a revisão do Plano Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável,
de forma a incorporar demandas concretas das mulheres para a superação das
desigualdades de gênero no campo. Além da urgência de estabelecer o diálogo com
o governo estadual para pautar a criação de um organismo específico de
políticas para as mulheres, que integre as ações de desenvolvimento social e
inclusão produtiva, visando construir as bases para a autonomia pessoal,
política e econômica das mulheres no estado.
A execução de ações
conjuntas a curto, médio e longo prazo foi planejada pelas representantes, a
fim de manter uma mobilização contínua das mulheres. Estão previstas a
participação em atividades a nível regional e nacional, com estratégias para o
fortalecimento da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres no norte
de Minas, da participação das mulheres no Encontro Mineiro dos Movimentos
Sociais e na Marcha das Margaridas, que acontecerão ao longo do ano. Também
foram construídas propostas para fortalecer a participação das mulheres nos cursos
de formação, seminários e feiras da economia solidária e feminista no estado.
Participaram
da reunião integrantes da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana
(AMAU), Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA), Centro de
Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), Centro Agroecológico Tamanduá
(CAT), Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), Federação dos Trabalhadores
na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Federação das Comunidades Quilombolas de Minas
Gerais (N'GOLO), GT Gênero e Agroecologia da Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA), Marcha Mundial da Mulheres (MMM), Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC),
Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais (MMZML),
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Negro, Movimento GRAAL,
Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas da Região Metropolitana de Belo
Horizonte e Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf).
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