quarta-feira, 4 de março de 2015

Mulheres se organizam por direitos no campo em Minas Gerais


Lideranças de mais de 15 redes e movimentos sociais que representam as mulheres camponesas, agricultoras familiares, agricultoras urbanas e periurbanas, e quilombolas se reuniram entre os dias 5 e 6/02, no sítio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG), em Belo Horizonte. O objetivo do encontro foi retomar um processo de articulação das mulheres mineiras para a construção de uma pauta unificada e uma agenda de lutas no estado.

Siumara Oliveira, militante do MST e articuladora do Projeto “As mulheres rurais e a agroecologia na Região Sudeste: tecnologia para autonomia econômica, segurança alimentar e conservação da biodiversidade” em Minas Gerais, explica que a retomada do diálogo entre as organizações e movimentos sociais é indispensável para potencializar a luta por direitos e a superação dos problemas que afetam a vida das mulheres. “Enfrentamento à violência contra a mulher, reforma agrária e acesso a terra, combate à mineração, agrotóxicos e agronegócio, denúncia do patriarcado, construção e garantia de acesso às políticas públicas, valorização do trabalho, autonomia das mulheres, saúde e justiça são temas centrais na unificação da pauta”, destaca Siumara.
A integrante do GT Gênero e Agroecologia e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Liliam Telles, aponta que, em Minas Gerais, há uma retomada e aprofundamento dos processos de auto-organização das mulheres nas regiões ao mesmo tempo em que os enfrentamentos às diferentes expressões do agronegócio se multiplicam. Neste cenário, “é fundamental construir o diálogo e unificar as pautas para dar visibilidade à luta das mulheres e influenciar as políticas públicas e seus espaços de controle social”. A militante cita, por exemplo, a necessidade de incidir sobre a revisão do Plano Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, de forma a incorporar demandas concretas das mulheres para a superação das desigualdades de gênero no campo. Além da urgência de estabelecer o diálogo com o governo estadual para pautar a criação de um organismo específico de políticas para as mulheres, que integre as ações de desenvolvimento social e inclusão produtiva, visando construir as bases para a autonomia pessoal, política e econômica das mulheres no estado. 
A execução de ações conjuntas a curto, médio e longo prazo foi planejada pelas representantes, a fim de manter uma mobilização contínua das mulheres. Estão previstas a participação em atividades a nível regional e nacional, com estratégias para o fortalecimento da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres no norte de Minas, da participação das mulheres no Encontro Mineiro dos Movimentos Sociais e na Marcha das Margaridas, que acontecerão ao longo do ano. Também foram construídas propostas para fortalecer a participação das mulheres nos cursos de formação, seminários e feiras da economia solidária e feminista no estado.
            Participaram da reunião integrantes da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana (AMAU), Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA), Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), Centro Agroecológico Tamanduá (CAT), Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N'GOLO), GT Gênero e Agroecologia da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Marcha Mundial da Mulheres (MMM), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais (MMZML), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Negro, Movimento GRAAL, Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas da Região Metropolitana de Belo Horizonte e Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf).

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