A equipe do “Mulheres e Agroecologia em Rede” se reuniu
para avaliar e planejar a execução das próximas etapas do projeto nas redes
parceiras, entre 10 e 12/12. Participaram do espaço coordenadoras,
técnicas(os), integrantes e articuladoras do Centro de Tecnologias Alternativas
da Zona da Mata (CTA), do Grupo de Trabalho Gênero e Agroecologia (GT Gênero),
do Grupo de Trabalho Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (GT
Mulheres da ANA), do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), do Movimento de
Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas (MMZML), da Rede de Mulheres
Empreendedoras Rurais da Amazônia (RMERA) e da Rede de Produtoras Rurais do
Nordeste.
O PFFA nas Redes Parceiras
As articuladoras do projeto avaliaram os módulos do
Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA) que aconteceram nas
regiões Amazônia, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Os temas “Feminismo e
Agroecologia como Projeto de Sociedade”, “Participação e Auto-organização das
Mulheres” e “Economia Solidária, Economia Feminista e Políticas Públicas” foram
trabalhados ao longo das três etapas de formação.
Beth Cardoso, coordenadora nacional do projeto, aponta
que o PFFA teve e está tendo resultados diferentes de acordo com as redes, mas
apresenta avanços comuns e significativos a todas as participantes. “O GT
Gênero e Agroecologia estava bastante frágil e há muito tempo não tinha um
planejamento do que fazer enquanto rede. Antes era restrito a Minas Gerais e
extremo Sul da Bahia e agora tem mulheres articuladas no Espírito Santo, São
Paulo e Rio de Janeiro, ampliando e fortalecendo o Grupo de Trabalho. A RMERA
também estava passando por um momento de fragilidade e a participação de
mulheres de todos os estados da Amazônia no PFFA fortaleceu a RMERA enquanto
rede. A Rede de Mulheres Produtoras do Nordeste e o MMC já vinham crescendo e
foi interessante introduzir os conteúdos do feminismo e agroecologia,
fortalecendo o debate dos temas”.
A coordenadora destaca ainda a importância da parceria
com o GT Mulheres da ANA para revigorar o tema da agroecologia nas redes de
mulheres. “Por mais que os grupos já estivessem trabalhando a questão da
visibilidade e autonomia do trabalho das mulheres, o fortalecimento do tema
agroecologia nas redes é o grande ganho geral do projeto. O processo de
enraizamento da ANA na vida das mulheres também é notável, porque antes elas
participavam de uma forma muito menos próxima, através de organizações ligadas
à ANA, mas hoje participam de forma direta, como no Encontro Nacional e
Agroecologia (ENA).”
Além da aproximação dos grupos de mulheres à ANA e
da construção de uma sólida identidade de mulheres agroecológicas, a partir do
PFFA, os avanços metodológicos são destaques da formação. “Trabalhar com este
tema criando e adaptando metodologias da Educação Popular é uma contribuição
para diversas outras organizações que têm como desafio trazer as mulheres para
o debate da agroecologia e fazer com que a agroecologia consiga compreender o
mundo das mulheres, fortalecendo e dando visibilidade e autonomia para as
mulheres agroecológicas”, avalia a coordenadora.
O PFG
Os módulos do Programa de
Formação em Gestão de Empreendimentos Econômicos de Mulheres (PFG),
realizados na Zona da Mata Mineira, também foram avaliados. Participaram do programa mulheres de grupos em diferentes etapas de organização, alguns ainda em fase de planejamento dos trabalhos e outros já consolidados.
Rosana Bahia Lobato, socióloga
e técnica da Capina- Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração
Alternativa, rede parceira na capacitação do PFG, explica que a formação parte
da prática das mulheres, utilizando uma linguagem próxima à realidade das
participantes. “Normalmente a gente trabalha com 5 elementos que fazem parte do
nosso trabalho no dia-a-dia: a coordenação; outras linguagens, que são
dinâmicas e a tradução dos conteúdos de forma mais lúdica; o registro;
avaliação processual e a infraestrutura”, esclarece Rosana.
A agricultora familiar e artesã Maria da Conceição
Caetano participou do PFG e percebe mudanças na forma de gerenciar sua
produção. “O PFG foi muito importante, porque a gente produzia e vendia vários
tipos de artesanatos, achando que estava valendo a pena. Depois da formação, a
gente começou a fazer as contas e percebeu que estava tomando prejuízo, porque
não sabia fazer os cálculos. Então foi muito bom porque agora a gente traz tudo
na ponta do lápis para ver o que pode continuar ou não”.
Em 2015, as redes parceiras
iniciarão os módulos do PFG. Rosana Lobato destaca que a metodologia será
adaptada para as características de cada região “A gente não pode repetir as
mesmas experiências, ir com algo formatado para os lugares. A gente precisa
respeitar a cultura de cada local e buscar tirar daquele grupo elementos representativos,
porque você tem que falar a fala das pessoas. O desafio é partir da característica
local para depois fazer uma integração mais global”.
Conquistas e perspectivas para 2015
O projeto ganhou, ao longo de 2014, prêmios de
reconhecimento pelos trabalhos prestados, o que visibiliza e valoriza a
participação das mulheres que, às vezes, é relegada a segundo plano dentro das
organizações. O “Mulheres e Agroecologia” recebeu dois prêmios Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM), nos níveis estadual e nacional e dois prêmios
no concurso Margarida Alves. O que fortalece o tema dentro do CTA e nas
organizações parceiras do GT Mulheres da ANA neste processo.
Segundo Beth Cardoso, o momento é favorável para consolidar
outros projetos. “As mulheres que fizeram o PFFA serão beneficiárias de outros
programas como o ATER Agroecologia e o Ecoforte e as redes de mulheres
vão estar muito mais
fortalecidas”. Entre as metas para o próximo ano, estão: o avanço nas metodologias, o trabalho das redes e das publicações, a produção de documentário e de programas de rádios para
subsidiar as mulheres.
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