sábado, 20 de dezembro de 2014

Reunião da comissão metodológica do Mulheres e Agroecologia em Rede acontece no CTA

A equipe do “Mulheres e Agroecologia em Rede” se reuniu para avaliar e planejar a execução das próximas etapas do projeto nas redes parceiras, entre 10 e 12/12. Participaram do espaço coordenadoras, técnicas(os), integrantes e articuladoras do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), do Grupo de Trabalho Gênero e Agroecologia (GT Gênero), do Grupo de Trabalho Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (GT Mulheres da ANA), do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), do Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas (MMZML), da Rede de Mulheres Empreendedoras Rurais da Amazônia (RMERA) e da Rede de Produtoras Rurais do Nordeste.




O PFFA nas Redes Parceiras

As articuladoras do projeto avaliaram os módulos do Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA) que aconteceram nas regiões Amazônia, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Os temas “Feminismo e Agroecologia como Projeto de Sociedade”, “Participação e Auto-organização das Mulheres” e “Economia Solidária, Economia Feminista e Políticas Públicas” foram trabalhados ao longo das três etapas de formação.
Beth Cardoso, coordenadora nacional do projeto, aponta que o PFFA teve e está tendo resultados diferentes de acordo com as redes, mas apresenta avanços comuns e significativos a todas as participantes. “O GT Gênero e Agroecologia estava bastante frágil e há muito tempo não tinha um planejamento do que fazer enquanto rede. Antes era restrito a Minas Gerais e extremo Sul da Bahia e agora tem mulheres articuladas no Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro, ampliando e fortalecendo o Grupo de Trabalho. A RMERA também estava passando por um momento de fragilidade e a participação de mulheres de todos os estados da Amazônia no PFFA fortaleceu a RMERA enquanto rede. A Rede de Mulheres Produtoras do Nordeste e o MMC já vinham crescendo e foi interessante introduzir os conteúdos do feminismo e agroecologia, fortalecendo o debate dos temas”.

A coordenadora destaca ainda a importância da parceria com o GT Mulheres da ANA para revigorar o tema da agroecologia nas redes de mulheres. “Por mais que os grupos já estivessem trabalhando a questão da visibilidade e autonomia do trabalho das mulheres, o fortalecimento do tema agroecologia nas redes é o grande ganho geral do projeto. O processo de enraizamento da ANA na vida das mulheres também é notável, porque antes elas participavam de uma forma muito menos próxima, através de organizações ligadas à ANA, mas hoje participam de forma direta, como no Encontro Nacional e Agroecologia (ENA).”
 Além da aproximação dos grupos de mulheres à ANA e da construção de uma sólida identidade de mulheres agroecológicas, a partir do PFFA, os avanços metodológicos são destaques da formação. “Trabalhar com este tema criando e adaptando metodologias da Educação Popular é uma contribuição para diversas outras organizações que têm como desafio trazer as mulheres para o debate da agroecologia e fazer com que a agroecologia consiga compreender o mundo das mulheres, fortalecendo e dando visibilidade e autonomia para as mulheres agroecológicas”, avalia a coordenadora.

O PFG
Os módulos do Programa de Formação em Gestão de Empreendimentos Econômicos de Mulheres (PFG), realizados na Zona da Mata Mineira, também foram avaliados. Participaram do programa mulheres de grupos em diferentes etapas de organização, alguns ainda em fase de planejamento dos trabalhos e outros já consolidados.
Rosana Bahia Lobato, socióloga e técnica da Capina- Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa, rede parceira na capacitação do PFG, explica que a formação parte da prática das mulheres, utilizando uma linguagem próxima à realidade das participantes. “Normalmente a gente trabalha com 5 elementos que fazem parte do nosso trabalho no dia-a-dia: a coordenação; outras linguagens, que são dinâmicas e a tradução dos conteúdos de forma mais lúdica; o registro; avaliação processual e a infraestrutura”, esclarece Rosana.
A agricultora familiar e artesã Maria da Conceição Caetano participou do PFG e percebe mudanças na forma de gerenciar sua produção. “O PFG foi muito importante, porque a gente produzia e vendia vários tipos de artesanatos, achando que estava valendo a pena. Depois da formação, a gente começou a fazer as contas e percebeu que estava tomando prejuízo, porque não sabia fazer os cálculos. Então foi muito bom porque agora a gente traz tudo na ponta do lápis para ver o que pode continuar ou não”.
Em 2015, as redes parceiras iniciarão os módulos do PFG. Rosana Lobato destaca que a metodologia será adaptada para as características de cada região “A gente não pode repetir as mesmas experiências, ir com algo formatado para os lugares. A gente precisa respeitar a cultura de cada local e buscar tirar daquele grupo elementos representativos, porque você tem que falar a fala das pessoas. O desafio é partir da característica local para depois fazer uma integração mais global”.

Conquistas e perspectivas para 2015

O projeto ganhou, ao longo de 2014, prêmios de reconhecimento pelos trabalhos prestados, o que visibiliza e valoriza a participação das mulheres que, às vezes, é relegada a segundo plano dentro das organizações. O “Mulheres e Agroecologia” recebeu dois prêmios Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), nos níveis estadual e nacional e dois prêmios no concurso Margarida Alves. O que fortalece o tema dentro do CTA e nas organizações parceiras do GT Mulheres da ANA neste processo.

 

Segundo Beth Cardoso, o momento é favorável para consolidar outros projetos. “As mulheres que fizeram o PFFA serão beneficiárias de outros programas como o ATER Agroecologia e o Ecoforte e as redes de mulheres vão estar muito mais fortalecidas”. Entre as metas para o próximo ano, estão: o avanço nas metodologias, o trabalho das redes e das publicações, a produção de documentário e de programas de rádios para subsidiar as mulheres.


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