As estratégias de superação da violência contra as mulheres
foi o tema do segundo Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA) da
região Sul, que aconteceu no Centro de Formação Maria Rosa, em Chapecó (SC). A
formação contou com a presença de aproximadamente 25 agricultoras do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, entre os dias 02 e 04/12/14.
Durante o encontro, as participantes foram estimuladas a
refletir sobre suas realidades e metodologias participativas contribuíram para
abordar e discutir as diferentes formas de violências presentes na vida das
mulheres. Ivone de Arruda, professora
aposentada e integrante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) de Aquidauana
(MS), aponta a necessidade da desnaturalização das situações de opressão:
“Nós começamos a nos questionar, a nos olhar enquanto mulheres e a
desmistificar muitas situações. Eu vivo numa região altamente machista, que divide
o que é de homem e o que é de mulher. E a gente vai, aos poucos, tentando
transformar as situações que são colocadas pela sociedade”.
Transmissão de vídeos, montagem de rádio comunitária, visita de intercâmbio e conversa sobre a Caderneta Agroecológica também fizeram parte da programação do segundo PFFA. Por meio dos mapas da divisão sexual do trabalho, foi analisado como a educação machista e patriarcal provoca violências comuns a todas as mulheres, afetando a autonomia das agricultoras nas unidades de produção. A solidariedade e a auto-organização feminina ganharam destaque como ferramentas de enfrentamento das dificuldades compartilhadas, por meio dos movimentos de mulheres, grupos de produção e da organização de mulheres em organizações mistas.
Catiane Cinelli, da direção do MMC, avalia
que, durante o encontro, as participantes se sentiram seguras e
confiantes para falarem também das violências que sofrem ou de pessoas muito
próximas: “Companheiras falaram de casos de violência muito íntimos e, quando
você expõe para o grupo, já é uma forma de se libertar da violência. A
violência fica em nós, causa um medo muito grande e não temos coragem de falar.
No momento que a gente consegue se abrir, em algum espaço que se sente
respeitado, a gente consegue se libertar. Ao mesmo tempo em que a gente fez a
discussão, a gente foi vivenciando a superação no coletivo”.
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