A beleza da primavera, impressa no jardim da
dona Aparecida Ferreira da Silva e do seu Francisco Júlio da Silva (mais conhecido
como ‘seu Chiquinho’), acolheu as representantes do Movimento de Mulheres da
Zona da Mata e Leste de Minas (MMZML) que se reuniram em Caparaó, nos dias 29 e
30/09. Além de discutir e encaminhar pautas importantes para o fortalecimento da
articulação, que hoje abrange 15 municípios, as agricultoras desfrutaram as
riquezas da prática agroecológica local, bem com conheceram um pouco a história
dos anfitriões, casados há 32 anos e com quatro filhos.
Na programação do encontro, ganharam espaço a socialização
das atividades em andamento nos municípios, a avaliação do Movimento e o
planejamento das ações a serem executadas. Também foram discutidos os desafios
vivenciados nos grupos de mulheres, perante a conjuntura política, e a organização
dos trabalhos, que está em curso, a partir estruturação das unidades
produtivas, do monitoramento e da capacitação dos grupos atendidos pelo Centro de Tecnologias Alternativas (CTA).
Para a agricultora familiar e articuladora do MMZML, Sônia Aparecida de Sousa, que recentemente deu à luz ao seu terceiro filho, o
encontro veio fortalecer o compromisso com o coletivo. “Muitas vezes as
mulheres falam que é difícil sair com menino pequeno e eu estou vivenciando
isso. Eu cogitei até não voltar, a ficar mais em casa. Por outro lado, não
podia me acomodar nesse momento. Tenho o
maior orgulho de ter criado meus dois filhos de uma maneira diferente e o
Matheus já vai começar ainda mais novo a participar”, conta Sônia.
“É um desafio novo. A maternidade mexe muito com a gente, é uma força que vem de dentro. Eu tenho o compromisso de permanecer para ajudar outras mulheres que estão na mesma situação a terem persistência de participar”, Sônia Aparecida de Sousa.
Dona Aparecida diz ter sido “um prazer imenso
receber as mulheres” e destaca a importância da exibição do
documentário “As sementes”, dirigido por Beto Novaes. “Muitas coisas que, às vezes,
ficam presas dentro da gente, o filme mostrou. A gente tem como expandir muito
mais do que a gente é... A gente tem muito a viver”. Já o seu Chiquinho, que
também é presidente do Sintraf de Caparaó, ensinou, com solicitude, a fazer
receita de sabão líquido e chá de ‘Paratudo’. Como ele diz: “se a gente
não partilhar o que sabe, não tem sentido saber. No dia que morrer, não deixou
nada para ninguém da experiência do que fez”.
O encontro foi encerrado com passos concretos
a serem dados no fortalecimento e ampliação da articulação regional, com a
construção de seminários e encontros junto às agricultoras e aos parceiros do
Movimento. As participantes saíram reanimadas pela certeza de que a chuva, há
tempos esperada e que caiu, veio germinar as sementes de vida e de luta que
elas têm lançado.
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