Acorda
“antes do sol e das galinhas”, faz o café e o almoço que o marido leva para a
lavoura, prepara homeopatias, cuida das plantas, do quintal e das pequenas
criações, varre a casa, lava roupa, tudo isso antes das nove da manhã. Hora
costumeira em que também vai para o roçado. Com o ritmo de vida acelerado e o
excesso de atividades domésticas, Armezinda da Silva Firmino transpõe o privado
e atua ativamente na vida em comunidade. Dá aula de catequese, é Ministra da
Palavra e da Eucaristia, coordenadora do grupo produtivo “Raízes da Terra”,
agente missionária, coordenadora do dízimo e contribui na limpeza da igreja.
Depois de
travar lutas de convencimento, com a própria família, sobre a importância de
ler e escrever, Armezinda completou o 2º grau e hoje também é professora de
alfabetização de adultos. A agricultora familiar é participante do Mulheres
e Agroecologia em Rede e uma das quatro personagens escolhidas para o
documentário do projeto que foi gravado, entre 7 e 14/10, em Acaiaca, Divino e
Espera Feliz, na Zona da Mata mineira. Visibilizar a infinidade de atividades
que faz parte da rotina da Armezinda e de milhares de mulheres rurais, e que
muitas vezes não é reconhecida e valorada, é o objetivo do trabalho, que está
aos cuidados da produtora Formosa Filmes.
O diretor
Tiago Carvalho avalia que o material filmado é rico, em virtude da enorme
diversidade de funções que as mulheres exercem dentro e fora de casa, e deve
refletir o cotidiano das entrevistadas. Para ele, o entendimento de como o
protagonismo das agricultoras acontece e de quais as resistências são
construídas no ambiente doméstico, na comunidade e nas organizações foi possível
“observando atenta e discretamente um pouco da vida delas e ouvindo sobre como
elas se veem, como veem as trajetórias e contam suas histórias. Sempre têm os
conflitos, mesmo que eles apareçam muito discretamente”.
Solange
Peron, Maria Eliete Rufino e Maria da Conceição Caetano são as outras
agricultoras que participam do curta-metragem, representando da luta das
mulheres rurais no Brasil. A expectativa é que o documentário contribua no
fortalecimento do debate feminista no campo agroecológico, trazendo luz às
desigualdades de gênero que ainda persistem e à força das agricultoras,
sobretudo, a partir da auto-organização nos territórios em que vivem.
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