quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Protagonismo de mulheres rurais é retratado em documentário



Acorda “antes do sol e das galinhas”, faz o café e o almoço que o marido leva para a lavoura, prepara homeopatias, cuida das plantas, do quintal e das pequenas criações, varre a casa, lava roupa, tudo isso antes das nove da manhã. Hora costumeira em que também vai para o roçado. Com o ritmo de vida acelerado e o excesso de atividades domésticas, Armezinda da Silva Firmino transpõe o privado e atua ativamente na vida em comunidade. Dá aula de catequese, é Ministra da Palavra e da Eucaristia, coordenadora do grupo produtivo “Raízes da Terra”, agente missionária, coordenadora do dízimo e contribui na limpeza da igreja.
Depois de travar lutas de convencimento, com a própria família, sobre a importância de ler e escrever, Armezinda completou o 2º grau e hoje também é professora de alfabetização de adultos. A agricultora familiar é participante do Mulheres e Agroecologia em Rede e uma das quatro personagens escolhidas para o documentário do projeto que foi gravado, entre 7 e 14/10, em Acaiaca, Divino e Espera Feliz, na Zona da Mata mineira. Visibilizar a infinidade de atividades que faz parte da rotina da Armezinda e de milhares de mulheres rurais, e que muitas vezes não é reconhecida e valorada, é o objetivo do trabalho, que está aos cuidados da produtora Formosa Filmes.

O diretor Tiago Carvalho avalia que o material filmado é rico, em virtude da enorme diversidade de funções que as mulheres exercem dentro e fora de casa, e deve refletir o cotidiano das entrevistadas. Para ele, o entendimento de como o protagonismo das agricultoras acontece e de quais as resistências são construídas no ambiente doméstico, na comunidade e nas organizações foi possível “observando atenta e discretamente um pouco da vida delas e ouvindo sobre como elas se veem, como veem as trajetórias e contam suas histórias. Sempre têm os conflitos, mesmo que eles apareçam muito discretamente”. 


Solange Peron, Maria Eliete Rufino e Maria da Conceição Caetano são as outras agricultoras que participam do curta-metragem, representando da luta das mulheres rurais no Brasil. A expectativa é que o documentário contribua no fortalecimento do debate feminista no campo agroecológico, trazendo luz às desigualdades de gênero que ainda persistem e à força das agricultoras, sobretudo, a partir da auto-organização nos territórios em que vivem.

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