A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) promoveu o “Seminário Sudeste – Por um Brasil Agroecológico” na Universidade Federal de Viçosa (UFV),
nos últimos 9 a 11 de junho. O evento contou com
aproximadamente 170 integrantes de movimentos e organizações agroecológicos, de
todos os estados da região, e debateu as contribuições já alcançadas e os
desafios futuros do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica
(Planapo).
“Financiamento,
fomento, organização produtiva de mulheres rurais” foi um dos eixos trabalhados
no seminário, em um diálogo mediado por Beth Cardoso e Liliam Telles,
coordenadoras do GT Mulheres da ANA e técnicas do CTA, e Dênis Monteiro,
Secretário Executivo da ANA. Após a análise de conjuntura, medidas foram apresentadas para a
construção do segundo PLANAPO, a fim de ampliar e fortalecer a organização produtiva
das mulheres rurais e a transição agroecológica, assim como viabilizar o
acesso a políticas e instrumentos de crédito, custeio, investimento, seguro e
geração de renda adequados à produção orgânica, de base agroecológica e da sociobiodiversidade.
Com relação ao fomento, foi proposto que a Assistência
Técnica e Extensão Rural (ATER) Agroecologia tenha como componente o fomento de
até 10 salários mínimos e que seja criado um incentivo específico para o espaço
produtivo das mulheres, que reconheça e valorize a “Casa,
terreiro e quintal”. Para
Adélia Farias, integrante da Organização de Mulheres Assentadas e Quilombolas
do Estado de São Paulo (OMAQUESP), a medida é importante para assegurar a autonomia das agricultoras: “esse espaço tem uma dimensão de poder muito grande, é onde a mulher tem voz de
comando”.
Já visando ao crédito, foram sugeridas a expansão da experiência do
Agroamigo e Crediamigo, vigentes hoje no Nordeste, para outras regiões do país, e a
dissociação do crédito da lógica familiar, avaliando a capacidade individual de
endividamento das agricultoras e agricultores, por meio de outro documento que não
a Declaração
de Aptidão ao Pronaf (DAP). Foram propostas
ainda a criação de uma ouvidoria para denúncia do
machismo institucional dos agentes financeiros e esclarecimento de dúvidas
sobre procedimentos, a produção de material de comunicação para agricultores/as
sobre crédito para agroecologia, a capacitação dos agentes de ATER sobre
direitos das mulheres, a divulgação das experiências bem-sucedidas e a promoção
de intercâmbios agroecológicos.
São ainda metas para este eixo do PLANAPO, a criação de um comitê
gestor de políticas para as mulheres no MDA/INCRA, a partir das Superintendências Regionais e
Delegacias de Mulheres, bem como a ampliação do programa Ecoforte para 120 redes em quatro
anos. Todas as ações levantadas pelos integrantes foram apresentadas em plenária e vão ser documentadas no relatório do “Seminário Sudeste – Por um Brasil Agroecológico”.
Fotografias: Rodrigo Carvalho, do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA).
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