Centenas de mulheres
de movimentos sociais do campo e da cidade estão acampadas em frente à
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, região central de Belo
Horizonte. Com o tema “Mulheres contra a lama que violenta e mata: Somos todas
atingidas” o ato se iniciou na manhã de hoje (7/3) com uma mesa de debate sobre
a conjuntura nacional e se estende até a tarde de amanhã, com o ato político
que levará mulheres e suas bandeiras de luta pelas ruas da cidade.
A mobilização, que
já é tradicional na semana do dia 08 de março, reúne mulheres de diversas
regiões do estado e neste ano tem como objetivo denunciar todas as formas de
violações historicamente cometidas contra as mulheres pelo sistema capitalista,
imperialista e patriarcal.“Hoje aqui a gente
tem a presença de mulheres do campo, da cidade, de diversas Federações e
Centrais, trabalhadoras de movimentos sociais diferentes. Esse 8 de março
unificado não só revela a diversidade das mulheres em Minas, mas também é a
expressão na nossa capacidade de auto-organização”, comemora Liliam Telles,
representante da Marcha Mundial das Mulheres.
Sônia Mara Maranhão,
integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e uma das
coordenadoras do ato, explica que o crime socioambiental ocorrido em Mariana,
uma das pautas da luta, é símbolo das violências sofridas pelas mulheres.
“Entendemos que a crise do sistema coloca em xeque a vida das mulheres de toda
bacia do rio doce e nós mulheres de Minas Gerais e de todo Brasil temos a ver
com isso, porque isso pode vir a acontecer em outros lugares e é um exemplo das
violações que acontecem hoje na vida das mulheres.”, diz.
O enfrentamento do conservadorismo é também
uma das bandeiras de luta das integrantes. “Queremos afirmar também que somos
contra o golpe e em defesa da democracia. Mas ao mesmo tempo nós mulheres não
queremos perder nenhum direito historicamente conquistado. Então vai esse
recado para o Governo também”, ressalta Sônia Mara.
Considerando a
diversidade sociocultural do estado de Minas Gerais, mulheres de diversas
regiões se fizeram presentes. Do Norte de Minas, vieram mulheres agricultoras,
indígenas da etnia Xakriabá (a maior do estado), quilombolas das comunidades de
Praia, Puri-Carindó, Japuré, Tabua, Brejo de São Caetano, Alegre e Lapinha, e
de comunidades tradicionais -- geraizeiras, caatingueiras, vazanteiras, etc.
À
luta contra o machismo, soma-se na vivência destas mulheres a reivindicação por
seus territórios tradicionais, contra a expropriação territorial promovida por
grandes empreendimentos como mineração e plantação de eucalipto, e perda de
direitos, articulada pela ação repressora das diversas esferas do poder. Esta
luta é fortalecida pela afirmação das identidades destas mulheres como
Agricultoras, Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais.
É assim que
junto à bandeira feminista pelos direitos da mulher e fim da violência,
levanta-se a bandeira pela Agroecologia e pelo Bem Viver dos Povos. Dulce
Pereira, agricultora e caatingueira, afirma: "nós estamos aqui porque
nossos direitos não estão sendo respeitados. Que as mulheres tenham coragem
para levantar a cabeça e lutar por seus direitos e pelo fim da violência tanto
física como mental".
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