segunda-feira, 7 de março de 2016

Mulheres se mobilizam em BH

Centenas de mulheres de movimentos sociais do campo e da cidade estão acampadas em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, região central de Belo Horizonte. Com o tema “Mulheres contra a lama que violenta e mata: Somos todas atingidas” o ato se iniciou na manhã de hoje (7/3) com uma mesa de debate sobre a conjuntura nacional e se estende até a tarde de amanhã, com o ato político que levará mulheres e suas bandeiras de luta pelas ruas da cidade.

A mobilização, que já é tradicional na semana do dia 08 de março, reúne mulheres de diversas regiões do estado e neste ano tem como objetivo denunciar todas as formas de violações historicamente cometidas contra as mulheres pelo sistema capitalista, imperialista e patriarcal.“Hoje aqui a gente tem a presença de mulheres do campo, da cidade, de diversas Federações e Centrais, trabalhadoras de movimentos sociais diferentes. Esse 8 de março unificado não só revela a diversidade das mulheres em Minas, mas também é a expressão na nossa capacidade de auto-organização”, comemora Liliam Telles, representante da Marcha Mundial das Mulheres.

Sônia Mara Maranhão, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e uma das coordenadoras do ato, explica que o crime socioambiental ocorrido em Mariana, uma das pautas da luta, é símbolo das violências sofridas pelas mulheres. “Entendemos que a crise do sistema coloca em xeque a vida das mulheres de toda bacia do rio doce e nós mulheres de Minas Gerais e de todo Brasil temos a ver com isso, porque isso pode vir a acontecer em outros lugares e é um exemplo das violações que acontecem hoje na vida das mulheres.”, diz.

 O enfrentamento do conservadorismo é também uma das bandeiras de luta das integrantes. “Queremos afirmar também que somos contra o golpe e em defesa da democracia. Mas ao mesmo tempo nós mulheres não queremos perder nenhum direito historicamente conquistado. Então vai esse recado para o Governo também”, ressalta Sônia Mara.


Considerando a diversidade sociocultural do estado de Minas Gerais, mulheres de diversas regiões se fizeram presentes. Do Norte de Minas, vieram mulheres agricultoras, indígenas da etnia Xakriabá (a maior do estado), quilombolas das comunidades de Praia, Puri-Carindó, Japuré, Tabua, Brejo de São Caetano, Alegre e Lapinha, e de comunidades tradicionais -- geraizeiras, caatingueiras, vazanteiras, etc. 

À luta contra o machismo, soma-se na vivência destas mulheres a reivindicação por seus territórios tradicionais, contra a expropriação territorial promovida por grandes empreendimentos como mineração e plantação de eucalipto, e perda de direitos, articulada pela ação repressora das diversas esferas do poder. Esta luta é fortalecida pela afirmação das identidades destas mulheres como Agricultoras, Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais. 

É assim que junto à bandeira feminista pelos direitos da mulher e fim da violência, levanta-se a bandeira pela Agroecologia e pelo Bem Viver dos Povos. Dulce Pereira, agricultora e caatingueira, afirma: "nós estamos aqui porque nossos direitos não estão sendo respeitados. Que as mulheres tenham coragem para levantar a cabeça e lutar por seus direitos e pelo fim da violência tanto física como mental".

Nenhum comentário:

Postar um comentário