“Uma
andorinha sozinha não faz verão”. É com essa certeza que o Movimento de
Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais (MMZML) realizou o seminário “Mulheres
agricultoras familiares semeando a agroecologia e construindo as políticas
públicas” nos últimos 10 e 11/11, no salão paroquial da Matriz em Divino. Mais
de 80 participantes representantes de sindicatos e organizações parceiras de 19
municípios estiveram presentes neste evento.
O
Movimento existe desde 2011, fortalecendo as mulheres rurais, estimulando a
auto-organização no campo agroecológico e a intervenção feminina nos espaços
públicos e políticos. Este primeiro seminário de parceiros teve por objetivos
apresentar os trabalhos desenvolvidos pelas agricultoras familiares nos
municípios e dialogar sobre a parceria entre as organizações, movimentos
sindicais e o MMZML, a fim de potencializar as ações por eles feitas.
O
acesso às políticas públicas e a necessidade de documentação das agricultoras foram temáticas abordadas com a contribuição da
militante Talita Araújo do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Talita
analisou a conjuntura das mulheres do campo no Brasil e em Minas Gerais e, com
base nas discussões por ela levantadas, os participantes se dividiram em grupos
de discussão. Por município, as integrantes fizeram apontamentos motivadas nas
perguntas geradoras: “em relação ao trabalho com as mulheres, o que os grupos
possuem? O que os grupos ainda querem alcançar? ”.
Ao
som do artista popular Sebastião Farinhada, que animou os dois dias de
encontro, também aconteceram atos de solidariedade prestados através de
momentos de silêncio, em respeito aos atingidos pela barragem que se rompeu em
Mariana (MG) e propostas de articulação, nos territórios, para envio de doações.
Houve
discussões sobre o crédito fundiário e as representações políticas das
mulheres. E para finalizar o seminário, dividiram-se os participantes em
regiões para discutirem a questão: “Para onde vai o Movimento?”, revendo as
demandas apresentadas e separando-as em quais serão atendidas pelos municípios,
quais poderão ser atendidas pelo próprio Movimento e quais podem ser atendidas
pelos parceiros.
Renata
Amorim, articuladora do Movimento de Mulheres e presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Divino, avalia que este seminário vai revigorar as
mulheres nos municípios: “Esperamos que todos os participantes tenham enxergado
melhor a importância da força da mulher e que, valorizem cada vez mais o
trabalho das agricultoras”.
Para
Maria Irani Marçal, agricultora de Ervália, o seminário foi muito importante
para que ela continuasse lutando para organizar um grupo de mulheres na
comunidade dela . “Fui muito bem acolhida, conheci outras companheiras aqui,
outras histórias que acrescentam muito na vida da gente. Estamos tentando
organizar o nosso grupo de mulheres em Ervália, e sempre que participamos de
encontros assim voltamos com mais ideias e forças para fazer as coisas
funcionarem”.
Joana D’arck Escolarique participante do Grupo Raízes da Terra e moradora do
assentamento Padre Jésus em Espera Feliz, fala que para ela o seminário foi muito positivo: “Veio
me dar uma resistência, a certeza de que nós mulheres podemos muito. E sabemos
que uma andorinha só não faz verão, mas caminhando juntas fazem com que dê
certo”. Para ela, as participações nas atividades do movimento trazem um grande
aprendizado e que é necessário passar para frente todo conhecimento obtido. “No
meu ponto de vista, cada atividade que participo acrescenta muito. Aqui
escutamos que não adianta a gente aprender, é necessário colocar em prática”.
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