segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Luta feminina por agroecologia e por acesso às políticas públicas é tema de seminário do MMZML






“Uma andorinha sozinha não faz verão”. É com essa certeza que o Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais (MMZML) realizou o seminário “Mulheres agricultoras familiares semeando a agroecologia e construindo as políticas públicas” nos últimos 10 e 11/11, no salão paroquial da Matriz em Divino. Mais de 80 participantes representantes de sindicatos e organizações parceiras de 19 municípios estiveram presentes neste evento.
O Movimento existe desde 2011, fortalecendo as mulheres rurais, estimulando a auto-organização no campo agroecológico e a intervenção feminina nos espaços públicos e políticos. Este primeiro seminário de parceiros teve por objetivos apresentar os trabalhos desenvolvidos pelas agricultoras familiares nos municípios e dialogar sobre a parceria entre as organizações, movimentos sindicais e o MMZML, a fim de potencializar as ações por eles feitas.
O acesso às políticas públicas e a necessidade de documentação das agricultoras  foram temáticas abordadas com a contribuição da militante Talita Araújo do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Talita analisou a conjuntura das mulheres do campo no Brasil e em Minas Gerais e, com base nas discussões por ela levantadas, os participantes se dividiram em grupos de discussão. Por município, as integrantes fizeram apontamentos motivadas nas perguntas geradoras: “em relação ao trabalho com as mulheres, o que os grupos possuem? O que os grupos ainda querem alcançar? ”.
Ao som do artista popular Sebastião Farinhada, que animou os dois dias de encontro, também aconteceram atos de solidariedade prestados através de momentos de silêncio, em respeito aos atingidos pela barragem que se rompeu em Mariana (MG) e propostas de articulação, nos territórios, para envio de doações.
Houve discussões sobre o crédito fundiário e as representações políticas das mulheres. E para finalizar o seminário, dividiram-se os participantes em regiões para discutirem a questão: “Para onde vai o Movimento?”, revendo as demandas apresentadas e separando-as em quais serão atendidas pelos municípios, quais poderão ser atendidas pelo próprio Movimento e quais podem ser atendidas pelos parceiros.
Renata Amorim, articuladora do Movimento de Mulheres e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Divino, avalia que este seminário vai revigorar as mulheres nos municípios: “Esperamos que todos os participantes tenham enxergado melhor a importância da força da mulher e que, valorizem cada vez mais o trabalho das agricultoras”.
Para Maria Irani Marçal, agricultora de Ervália, o seminário foi muito importante para que ela continuasse lutando para organizar um grupo de mulheres na comunidade dela . “Fui muito bem acolhida, conheci outras companheiras aqui, outras histórias que acrescentam muito na vida da gente. Estamos tentando organizar o nosso grupo de mulheres em Ervália, e sempre que participamos de encontros assim voltamos com mais ideias e forças para fazer as coisas funcionarem”.
Joana D’arck Escolarique participante do Grupo Raízes da Terra e moradora do assentamento Padre Jésus em Espera Feliz, fala que para ela o seminário foi muito positivo: “Veio me dar uma resistência, a certeza de que nós mulheres podemos muito. E sabemos que uma andorinha só não faz verão, mas caminhando juntas fazem com que dê certo”. Para ela, as participações nas atividades do movimento trazem um grande aprendizado e que é necessário passar para frente todo conhecimento obtido. “No meu ponto de vista, cada atividade que participo acrescenta muito. Aqui escutamos que não adianta a gente aprender, é necessário colocar em prática”.

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