Hoje
é comemorado o dia do trabalhador e da trabalhadora rural. Oportunidade para
reafirmar a importância do trabalho no campo e também a luta por condições
justas de vida, uma vez que a data relembra a chegada dos primeiros colonos europeus
que trabalhavam em regime de exploração para os grandes senhores de terra.
Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2012), mais de 60% dos trabalhadores e
das trabalhadoras do campo estão
na informalidade, o que acarreta a perda de direitos trabalhistas e
previdenciários, além de baixos salários. De modo particular, hoje o Mulheres e Agroecologia em Rede
parabeniza a todas as trabalhadoras que têm lutado para a superação das
desigualdades de gênero e da invisibilidade da participação feminina no meio
rural.
Sabemos que os desafios são muitos,
mas a organização coletiva das mulheres tem resultado em avanços significativos
no acesso às políticas públicas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento
Agrário, houve um crescimento no valor do financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), na safra 2013/2014, atingindo R$22,3
bilhões e, as mulheres foram responsáveis por R$3,3 bilhões no financiamento,
valor considerado recorde.
Nas
relações familiares, a postura das mulheres também tem sido diferente, como é o
caso da agricultora Rosimeire Satler:
Rosimeire Satler, agricultora familiar |
Desde que eu me entendo por gente em mexo com curral e com lavoura... Eu acho muito interessante este trabalho do CTA com as mulheres. Depois que eu comecei a participar que eu percebi o meu valor como pessoa e enquanto geradora da casa. O projeto é direcionado para a agricultura, mas em outras áreas a gente vê que ainda têm muita luta. Depois que eu comecei a participar destes encontros e me organizar, que eu vi o valor que a mulher tem. Está começando a mudar muita coisa na minha casa! A minha postura de me valorizar, sem esperar o reconhecimento dos outros. Eu achava que eu era obrigada a lavar, a passar, cozinhar. Essas coisas todas. E meu marido e meus filhos não tinham essa obrigação. Hoje eu vejo isso com outro olhar, todo mundo tem que ter a sua parcela de colaboração, não só eu enquanto mulher. Eu já me senti sobrecarregada demais. Eu falava que eu não sabia mandar. E não é saber mandar, é saber pedir ajuda. Se a gente manda “você é obrigado a fazer isso” ninguém vai fazer, mas se a gente pede ajuda “faz isso assim pra mim”, todo mundo ajuda. Com a caderneta agroecológica, eu percebi que eu tenho valor mesmo e fui cobrar o meu marido “se eu ajudo em todas as coisas e na economia da casa, eu preciso ser valorizada”. Então eu acho muito importante a gente ter abertura pra ver o mundo de uma forma diferente, conhecer os direitos e o valor que a gente tem.
Assim como Rosimeire, a agricultora Maria das Graças Neto relata os benefícios observados em sua propriedade:
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