sexta-feira, 25 de julho de 2014

Viva as trabalhadoras e trabalhadores rurais!

Hoje é comemorado o dia do trabalhador e da trabalhadora rural. Oportunidade para reafirmar a importância do trabalho no campo e também a luta por condições justas de vida, uma vez que a data relembra a chegada dos primeiros colonos europeus que trabalhavam em regime de exploração para os grandes senhores de terra.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2012), mais de 60% dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo estão na informalidade, o que acarreta a perda de direitos trabalhistas e previdenciários, além de baixos salários. De modo particular, hoje o Mulheres e Agroecologia em Rede parabeniza a todas as trabalhadoras que têm lutado para a superação das desigualdades de gênero e da invisibilidade da participação feminina no meio rural.
            Sabemos que os desafios são muitos, mas a organização coletiva das mulheres tem resultado em avanços significativos no acesso às políticas públicas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, houve um crescimento no valor do financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), na safra 2013/2014, atingindo R$22,3 bilhões e, as mulheres foram responsáveis por R$3,3 bilhões no financiamento, valor considerado recorde.
            Nas relações familiares, a postura das mulheres também tem sido diferente, como é o caso da agricultora Rosimeire Satler:
Rosimeire Satler, agricultora familiar
 Desde que eu me entendo por gente em mexo com curral e com lavoura... Eu acho muito interessante este trabalho do CTA com as mulheres. Depois que eu comecei a participar que eu percebi o meu valor como pessoa e enquanto geradora da casa. O projeto é direcionado para a agricultura, mas em outras áreas a gente vê que ainda têm muita luta. Depois que eu comecei a participar destes encontros e me organizar, que eu vi o valor que a mulher tem. Está começando a mudar muita coisa na minha casa! A minha postura de me valorizar, sem esperar o reconhecimento dos outros. Eu achava que eu era obrigada a lavar, a passar, cozinhar. Essas coisas todas. E meu marido e meus filhos não tinham essa obrigação. Hoje eu vejo isso com outro olhar, todo mundo tem que ter a sua parcela de colaboração, não só eu enquanto mulher. Eu já me senti sobrecarregada demais. Eu falava que eu não sabia mandar. E não é saber mandar, é saber pedir ajuda. Se a gente manda “você é obrigado a fazer isso” ninguém vai fazer, mas se a gente pede ajuda “faz isso assim pra mim”, todo mundo ajuda. Com a caderneta agroecológica, eu percebi que eu tenho valor mesmo e fui cobrar o meu marido “se eu ajudo em todas as coisas e na economia da casa, eu preciso ser valorizada”. Então eu acho muito importante a gente ter abertura pra ver o mundo de uma forma diferente, conhecer os direitos e o valor que a gente tem.
          
          Assim como Rosimeire, a agricultora Maria das Graças Neto relata os benefícios observados em sua propriedade: 






            O Mulheres e Agroecologia em Rede parabeniza a todas as trabalhadoras e trabalhadores rurais. Seguimos em frente na construção da agroecologia e de relações justas em nossa sociedade!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Monitoramento do Programa de Formação em Gestão acontece em Espera Feliz

O Projeto Mulheres e Agroecologia em Rede realizou o intermódulo do Programa de Formação em Gestão (PFG) na comunidade Taboão, município de Espera Feliz, nesta quarta-feira (16/07). A atividade contou com a presença de membros do Centro de Tecnologias da Zona da Mata (CTA/ZM), representantes do grupo de mulheres de Taboão que desejam abrir uma padaria e de representantes da comissão de mulheres do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Espera Feliz.



Com o objetivo de potencializar as iniciativas de geração de renda das mulheres, foram apresentados princípios de gestão de empreendimentos e o encaminhamento de uma pesquisa de mercado local para verificar a viabilidade, ou não, da montagem da padaria. O Programa de Formação em Gestão é uma iniciativa do projeto Mulheres e Agroecologia em Rede, executado pelo CTA/ZM, com o apoio da União Européia.

Avaliação do Programa Mulheres e Agroecologia em Rede é realizada em Espera Feliz

A avaliação do Projeto de Mulheres e Agroecologia em rede e do Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA) em Espera Feliz foi realizada na última sexta-feira (04/07). Integrantes do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA/ZM), lideranças do Sindicato dos Agricultores e Agricultoras Rurais, da Cooperativa da Agricultura Familiar Solidária (Coofeliz) e da Associação Intermunicipal da Agricultura Familiar (Asimaf) fizeram uma análise sobre o PFFA e também um planejamento de futuras iniciativas.

Em Espera Feliz, a avaliação foi bastante positiva por parte das organizações e a expectativa é que haja continuidade na parceria nas ações locais, a fim de gerar renda e autonomia para as mulheres.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Primeiro módulo do PFFA Sudeste acontece no CTA

    O módulo “Feminismo e Agroecologia como projeto de sociedade”, do Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA) da região Sudeste, foi realizado entre os dias 30/06 e 02/07 no Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata- CTA/ZM, Viçosa-MG. Cerca de 30 agriculturas das regiões do Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas, Rio Doce e Leste de Minas, Região Metropolitana de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Extremo Sul da Bahia estiveram presentes.


        Durante a formação, foram debatidos diversos temas, por meio de metodologias diferenciadas. A partir do “Rio da Vida”, as participantes dialogaram sobre os tratamentos e papéis atribuídos às mulheres ao longo das fases da vida e as consequências destes no desenvolvimento feminino durante a infância, a fase adulta e a melhor idade.
Para iniciar a discussão de feminismo, as mulheres foram estimuladas a perceberem o que é da natureza feminina e o que é socialmente construído. Divisão sexual do trabalho, invisibilidade do trabalho feminino, liberdade de orientação sexual, escolhas de vida, independência financeira, formas explícitas e camufladas da opressão contra a mulher, machismo nas organizações, auto-organização e violência sexual foram alguns dos temas levantados.
“Muita gente fala de violência contra a mulher como se fosse coisa de uma mulher. Na verdade, a violência é instrumento da sociedade para manter as coisas do jeito que estão. Todas nós já deixamos de fazer algo com medo da violência. E o pior é que a gente se culpa. É importante considerar que a situação de uma companheira poderia acontecer com qualquer uma de nós” Miriam Nobre.
        Na dinâmica da “Árvore de Problemas”, foram identificados e apresentados empecilhos para a vivência da agroecologia e para o cumprimento dos direitos da mulher  nas diferentes regiões, bem como sugestões de ações organizadas coletivamente pelas mulheres para superarem os problemas. Além disso, as participantes fizeram experiência de intercâmbio em duas propriedades rurais no distrito São José do Triunfo, conheceram como funciona a caderneta agroecológica, participaram da noite cultural, compartilharam o mapa da sociobiodiversidade das propriedades e organizaram atividades de mobilização e articulação entre as regiões.

        Ao fim do primeiro módulo, foi feita uma avaliação entre as integrantes. A agricultora Juliana de Medeiros Diniz, residente de Magé (RJ), conta um pouco como se sentiu durante do PFFA. “Eu volto recheada de novas experiências. A experiência nesses dias foi ótima, mas a visita na casa da dona Terezinha para mim foi uma coisa que não tem preço. Quando você se depara com uma pessoa que tem o senso de amor, o modo de amor que ela tem, você enriquece muito. Eu sempre digo que a maior riqueza do mundo não é o dinheiro é o que a gente aprende na vida, é o que a gente pode dar e receber.”